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Editora e livraria é marco na história cultural de São Paulo
da Reportagem Local
A livraria e editora Duas Cidades foi fundada em 1954 pelo então frei Benevenuto de Santa Cruz
para divulgar publicações católicas, inspiradas pelo Movimento
Economia e Humanismo. O movimento foi fundado pelo padre
francês Louis J. Lebret.
No início da década de 50, o padre Lebret veio ao Brasil, onde
fundou um escritório do movimento em São Paulo.
Foi na sala contígua ao escritório onde o movimento funcionava, na avenida 9 de Julho, e que
reunia entre outros o ex-governador Franco Montoro, que o frei
Benevenuto fundou a Duas Cidades.
Mas não foi pelas publicações
de caráter religioso que a Duas Cidades ganhou projeção. Graças à
erudição do frei Benevenuto e a
seus contatos na Europa, a livraria
importava livros de autores importantes para o momento.
Assim, rapidamente tornou-se
um ponto de encontro de intelectuais. Especialmente ao ser transferida para a rua Bento Freitas,
onde existe até hoje. Lá encontravam-se com frequência os filósofos Marilena Chauí ou José Arthur Giannotti, entre outros.
Na década de 70, a Duas Cidades passou a ocupar outra função.
Segundo Chauí, "além de possuir
livros de qualidade, a livraria tornou-se um dos raros espaços de
liberdade para discussão no tempo da ditadura", declarou para a
Folha. A editora publicou "Ao
Vencedor as Batatas" quando Roberto Schwarz encontrava-se no
exílio.
No campo editorial, "a Duas Cidades sempre se caracterizou pela
excelência de suas edições", contou Antonio Candido à Folha.
Constam do catálogo livros do
antropólogo Claude Lévi-Strauss
e do filósofo Martin Heidegger.
Quando ninguém publicava os
poetas concretistas, foi frei Benevenuto quem lhes abriu espaço.
Já na década de 80, a editora,
com a coleção "Claro Enigma",
foi a responsável por abrir espaço
para uma nova geração de poetas.
Seja como livreiro ou como editor, o frei Benevenuto colocou a
Duas Cidades como um marco na
história da cultura paulista.
(FCy)
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