São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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Editora e livraria é marco na história cultural de São Paulo

da Reportagem Local

A livraria e editora Duas Cidades foi fundada em 1954 pelo então frei Benevenuto de Santa Cruz para divulgar publicações católicas, inspiradas pelo Movimento Economia e Humanismo. O movimento foi fundado pelo padre francês Louis J. Lebret.
No início da década de 50, o padre Lebret veio ao Brasil, onde fundou um escritório do movimento em São Paulo.
Foi na sala contígua ao escritório onde o movimento funcionava, na avenida 9 de Julho, e que reunia entre outros o ex-governador Franco Montoro, que o frei Benevenuto fundou a Duas Cidades.
Mas não foi pelas publicações de caráter religioso que a Duas Cidades ganhou projeção. Graças à erudição do frei Benevenuto e a seus contatos na Europa, a livraria importava livros de autores importantes para o momento.
Assim, rapidamente tornou-se um ponto de encontro de intelectuais. Especialmente ao ser transferida para a rua Bento Freitas, onde existe até hoje. Lá encontravam-se com frequência os filósofos Marilena Chauí ou José Arthur Giannotti, entre outros.
Na década de 70, a Duas Cidades passou a ocupar outra função. Segundo Chauí, "além de possuir livros de qualidade, a livraria tornou-se um dos raros espaços de liberdade para discussão no tempo da ditadura", declarou para a Folha. A editora publicou "Ao Vencedor as Batatas" quando Roberto Schwarz encontrava-se no exílio.
No campo editorial, "a Duas Cidades sempre se caracterizou pela excelência de suas edições", contou Antonio Candido à Folha. Constam do catálogo livros do antropólogo Claude Lévi-Strauss e do filósofo Martin Heidegger.
Quando ninguém publicava os poetas concretistas, foi frei Benevenuto quem lhes abriu espaço.
Já na década de 80, a editora, com a coleção "Claro Enigma", foi a responsável por abrir espaço para uma nova geração de poetas. Seja como livreiro ou como editor, o frei Benevenuto colocou a Duas Cidades como um marco na história da cultura paulista.
(FCy)


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