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Crítica
"Totalmente Selvagem" ri da onda neoliberal
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Que proximidade existe entre o neoliberalismo e o blockbuster -se é que existe alguma? Talvez seja uma matéria
para Luiz Carlos Bresser-Pereira, que, há poucos dias, em
sua coluna da Folha, no caderno Dinheiro, detectou o fim de
neoliberalismo.
E Bresser, cinéfilo de carteirinha, saberia dizer se também
o blockbuster agoniza? A glória
neoliberal vem dos anos 1980,
salvo erro, enquanto o primeiro grito do blockbuster é do fim
dos 70. A produção foi inflacionada ao extremo, os pequenos
filmes foram jogados na sarjeta
e uma série de diretores, muitos deles muito bons, sucumbiram, simplesmente desapareceram. Gente como Bogdanovich, Monte Hellman, Herbert
Ross, ou mesmo Joe Dante.
Mesmo um que sobreviveu
aos 80 e ganhou Oscar nos 90,
como Jonathan Demme -o
que foi feito dele? Seu "Totalmente Selvagem" (TCM,
1h30) soube rir, nos 80, dos
yuppies, ser típico da onda
neoliberal. Quem riu por último, no caso? O filme, claro, que
não deixa de existir.
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