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Dr. Dave enfrenta baratas voadoras gigantes
DAVID DREW ZINGG
em Sampa
"Os vegetarianos têm olhos
evasivos, malignos, e costumam rir de maneira fria, calculista. Eles beliscam criancinhas, roubam selos postais, bebem água e deixam suas barbas crescer." (J.B. Morton)
Sente-se aqui do meu lado,
Joãozinho. Não tenha medo.
Você e o dr. Dave vão ter uma
conversinha sobre tudo que
você sempre quis saber sobre
verduras e legumes, mas tinha
medo de perguntar ao papai e
à mamãe.
Vamos começar por um assunto que sempre despertou
sua curiosidade, mas você era
burro demais para indagar a
seus superiores sobre seus segredos ocultos -os tomates
radioativos. Por causa das coisas que ouve o tempo todo na
Globo, você deve estar mal informado e provavelmente
morre de medo da radiação.
Fique frio, cara! Tome consciência de que o mundo sem
um pouco de radiação prejudicial ao cérebro também seria
um mundo sem a TV Globo.
Penso nos tomates radioativos o tempo todo. Quando vou
à feira de rua mais perto de
minha casa, na sexta, sempre
penso que estou ouvindo aqueles enormes tomates japoneses
emitindo seus avisos atômicos.
Fico me perguntando: "Já
que Fernandinho Henriquinho
todo dia faz promessas que sabe que não vai poder cumprir,
por que ele não promete dar
um medidor Geiger de graça a
cada brasileiro?".
Seria ótimo e nos ajudaria a
não comprar aqueles enormes
tomates assassinos radioativos
cultivados -é claro- em Angra dos Reis.
Ronáldio
"Me diga, dr. Dave", você
pergunta, "o que é a radiação,
afinal?".
Bem, Joãozinho, tudo que
existe no mundo, incluindo
"Prestígio" e "Diamante Negro", é composto de átomos.
Sabemos disso porque temos
uma lista chamada Tabela Periódica, em que os átomos recebem nomes cômicos tais como itérbio, ítrio, gadolínio, túlio e ronáldio.
Alguns dos átomos, como o
"jôsoarésio", por exemplo, são
um pouco grandes demais para seu próprio bem. Eles se expandem a ponto de não caberem mais dentro da calça jeans
do tamanho antigo e de parecerem ridículos quando vão à
praia. Os outros átomos riem
deles pelas costas ("Olha aí,
cara, aquela baleia encalhada
logo ali. Se perdesse alguns
neurônios, não iam nem lhe
fazer falta!").
Quando um átomo percebe
que engordou demais (estado
conhecido como estágio de
massa crítica), ele resolve se
dividir. Ele aparece num programa de TV e tenta lançar
uma reação em cadeia, declarando que perdeu um monte
de peso com o famoso Plano de
Perda de Peso Atômico -"e
você nem precisa abrir mão da
pizza".
Juntamente com suas aparições na TV, o átomo também
libera pedacinhos de radiação
-fragmentos nucleares e fótons velhos e gastos com nomes
que lembram irmandades gregas: alfa, gama e Frank Zappa.
Eles saem voando em direções
aleatórias até se chocarem com
um corpo sólido, como, por
exemplo, uma semente de tomate.
O que acontece quando a radiação atinge uma semente de
tomate?
Essa é uma pergunta boa,
muito boa mesmo. É exatamente o tipo de pergunta que,
desde que seja você quem a faça, pode lhe conseguir um emprego como o primeiro cientista brazuca na agência espacial
Nasa, na distante Gringolândia.
Embrapa no espaço sideral
Lá na Nasa, em Houston, Texas, pessoas como você passam
o dia todo sentadas fazendo
perguntas como: "Por que ninguém se deu ao trabalho de
olhar pelo telescópio espacial
Hubble antes de a gente arrumá-lo, hein? Hein?", " Não seria legal ser um astronauta
brasileiro e brincar de pegar a
bola de Jello flutuante?", " Ei,
Billy Bob, esse bicho ali do lado do seu pé não é uma daquelas baratas carnívoras?" ou "
O que aconteceria se lançássemos algumas sementes de tomate radioativas?".
Auxiliados por uma doação
generosa recebida do pessoal
da Embrapa, em Brasília, os
cientistas da Nasa estão pesquisando o intrigante problema das sementes de tomate
que emitem sons de clique-claque.
Percebendo que Fernandinho Henriquinho ficava extremamente curioso para saber o
que acontece quando sementes
de tomate são expostas à radiação, a Nasa/Embrapa colocou em órbita um satélite do
tamanho de um ônibus escolar, repleto de sementes.
Anos depois, as sementes foram recuperadas e enviadas a
várias escolas nas Gringo e Bananalândias.
As escolas receberam ordens
de mandar seus alunos plantar
as sementes para verificar se
dali surgiriam tomates adolescentes mutantes.
A Nasa e a Embrapa já estão
obtendo resultados fascinantes. A radiação embaralhou as
informações genéticas contidas em algumas das sementes
a tal ponto que, em lugar de
produzir frutos redondos e vermelhos, elas geraram coisas
mutantes que lembram berinjelas com rugas de preocupação, que lembram, vagamente,
Madre Teresa.
Segundo a "Folha de Amapá", a maioria das sementes
foi comida por macacos que
habitam o topo das árvores da
Floresta Amazônica e por gigantescas baratas da selva,
quando não foi destruída por
índios em manifestações de
protesto. Outras sementes
morreram sem terem chance
de se defender porque o professor (que foi imediatamente
promovido a ministro da Educação) não percebeu que era
preciso regá-las.
Baratas apavorantes
Provavelmente o mais assustador resultado de todos foi relatado por uma professora de
Cuiabá, que contou que baratas gigantescas arrombaram
sua estufa e comeram seus tomates terrestres, mas não os
tomates que haviam viajado
no espaço.
Ricardão Requião pediu a
formação imediata de uma
CPI conjunta do Senado, Nasa
e Embrapa, para responder às
seguintes perguntas intrigantes:
- As baratas usaram luvas
quando arrombaram a estufa?
- Existe alguma ligação entre
as baratas e o governador do
Amazonas?
- O que aconteceria se as baratas fossem enviadas ao espaço?
Na semana que vem, a Folha
vai trazer uma revelação exclusiva: baratas radioativas
tumultuam CPI do Senado.
Tradução de Clara Allain
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