São Paulo, sábado, 29 de maio de 2004

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ENTRELINHAS

A redescoberta do Brasil

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desta vez não há naus, Cabrais, caravelas. Os portugueses estão redescobrindo o Brasil, de novo, pelas livrarias.
Após investir na tradução da literatura lusa no exterior, como fazem diversos países, o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB), órgão governamental, percebeu que no maior território de sua língua não havia quase nada publicado nos ultramares do oceano Saramago.
Posto em marcha, o projeto de incentivo da edição de livros de autores portugueses no Brasil ultrapassa agora os 30 títulos, com a chegada iminente de dois novos livros da coleção Tanto Mar, da editora Planeta.
A série terá um romance de Teolinda Gersão e "Vale Abraão", de Agustina Bessa-Luís, que acaba de ganhar o Prêmio Camões, de R$ 370 mil.
É mais ou menos esse o valor já investido no Brasil pelo IPLB, que chega a cobrir até 60% dos custos da edição dos livros que incentiva aqui. A versão deste ano do projeto está com "inscrições" abertas, até 30 de novembro (www.iplb.pt tem detalhes).

O NOME DA ROSA
Drauzio Varella e Companhia das Letras acabam de bater o martelo. Está batizado o novo livro do autor do fenômeno "Estação Carandiru". A criança deverá atender por "Ponto de Partida".

QUEM DÁ MAIS
Bater martelo mesmo bateu a Planeta. Em leilão acirrado entre cinco concorrentes, disputa que começou na ordem dos US$ 1.500 e acabou nos US$ 30 mil, a editora levou o romance-sensação "The Rule of Four", dos americanos de 28 anos Ian Caldwell e Dustin Thomason.

QUEM DÁ MAIS 2
Outro leilãozão acabou nas mãos da Globo. Tendo abocanhado os direitos do livro de Bill Clinton, comprou "Plan of Attack", de Bob "Watergate" Woodward. Sai em agosto.

TREM DE POUSO
Baixa nesta semana nos Tristes Trópicos um nomão da historiografia francesa. Jean Delumeau, 81, autor de "História do Medo no Ocidente", terá no cronograma uma banca de doutorado na Universidade de Brasília, do historiador Luís Corrêa de Lima, além de palestras em Campinas e Bauru.

O CHOQUE DO NOVO
Dados ainda em tinta fresca de grande consultoria americana, especializada em mercado editorial, apontam crescimento de 19% nos títulos lançados nos EUA em 2003: foram 175 mil novos livros.

PÉS POR MÃOS
Bom entendedor percebeu, mas esta coluna reafirma que tropeçou na semana passada. O editor José Bantim Duarte disse que vender livros "para o governo é mau negócio". O escriba aqui cravou que mau era vender "para o mercado".

ACEPIPES
Paul Auster lendo textos de Beckett e Martin Amis declamando Borges aqui no Brasil. É, deve acontecer em Parati. Na última noite da Flip os escritores falarão de seus autores "de cabeceira".

GRANERO
Um dos autores mais polêmicos do Reino Unido tem casa nova no Brasil. A Objetiva comprou três romances de Will Self.

FORA DA ESTANTE

Um jornalista da Folha sempre exclama ao passar por certa mesa, forrada de livros: "Quanta árvore cortada à toa". Jim Dodge é o sujeito que derruba duplamente essa idéia. Esse americano de 59 anos não só se dedica a plantar árvores, trabalhando com reflorestamento no oeste dos EUA, como já deixou para trás três romances que honram cada uma de suas folhas ao gritarem "madeeeeira" para o convencional literário. Fora da estante mesmo são os dois romances de Dodge: "Not Fade Away" (crônica de uma viagem EUA adentro nos anos 60) e "Stone Junction", as fantásticas aventuras do personagem Daniel Pearse, educado pela Aliança dos Mágicos e Foras-da-Lei. Tem alguém aí?


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