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ENTRELINHAS
A redescoberta do Brasil
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Desta vez não há naus, Cabrais, caravelas. Os portugueses estão redescobrindo o
Brasil, de novo, pelas livrarias.
Após investir na tradução da
literatura lusa no exterior, como
fazem diversos países, o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB), órgão governamental, percebeu que no maior
território de sua língua não havia quase nada publicado nos ultramares do oceano Saramago.
Posto em marcha, o projeto de
incentivo da edição de livros de
autores portugueses no Brasil
ultrapassa agora os 30 títulos,
com a chegada iminente de dois
novos livros da coleção Tanto
Mar, da editora Planeta.
A série terá um romance de
Teolinda Gersão e "Vale
Abraão", de Agustina Bessa-Luís, que acaba de ganhar o Prêmio Camões, de R$ 370 mil.
É mais ou menos esse o valor
já investido no Brasil pelo IPLB,
que chega a cobrir até 60% dos
custos da edição dos livros que
incentiva aqui. A versão deste
ano do projeto está com "inscrições" abertas, até 30 de novembro
(www.iplb.pt tem detalhes).
O NOME DA ROSA
Drauzio Varella e Companhia das Letras acabam de bater o martelo. Está batizado o
novo livro do autor do fenômeno "Estação Carandiru". A
criança deverá atender por
"Ponto de Partida".
QUEM DÁ MAIS
Bater martelo mesmo bateu a
Planeta. Em leilão acirrado entre cinco concorrentes, disputa
que começou na ordem dos
US$ 1.500 e acabou nos US$ 30
mil, a editora levou o romance-sensação "The Rule of Four",
dos americanos de 28 anos Ian
Caldwell e Dustin Thomason.
QUEM DÁ MAIS 2
Outro leilãozão acabou nas
mãos da Globo. Tendo abocanhado os direitos do livro de
Bill Clinton, comprou "Plan of
Attack", de Bob "Watergate"
Woodward. Sai em agosto.
TREM DE POUSO
Baixa nesta semana nos Tristes Trópicos um nomão da historiografia francesa. Jean Delumeau, 81, autor de "História do
Medo no Ocidente", terá no
cronograma uma banca de
doutorado na Universidade de
Brasília, do historiador Luís
Corrêa de Lima, além de palestras em Campinas e Bauru.
O CHOQUE DO NOVO
Dados ainda em tinta fresca
de grande consultoria americana, especializada em mercado editorial, apontam crescimento de 19% nos títulos lançados nos EUA em 2003: foram
175 mil novos livros.
PÉS POR MÃOS
Bom entendedor percebeu,
mas esta coluna reafirma que
tropeçou na semana passada.
O editor José Bantim Duarte
disse que vender livros "para o
governo é mau negócio". O escriba aqui cravou que mau era
vender "para o mercado".
ACEPIPES
Paul Auster lendo textos de Beckett e Martin Amis declamando
Borges aqui no Brasil. É, deve
acontecer em Parati. Na última
noite da Flip os escritores falarão
de seus autores "de cabeceira".
GRANERO
Um dos autores mais polêmicos
do Reino Unido tem casa nova no
Brasil. A Objetiva comprou três
romances de Will Self.
FORA DA ESTANTE
Um jornalista da Folha
sempre exclama ao passar
por certa mesa, forrada de livros: "Quanta árvore cortada à toa". Jim Dodge é o sujeito que derruba duplamente essa idéia. Esse americano
de 59 anos não só se dedica a
plantar árvores, trabalhando
com reflorestamento no oeste dos EUA, como já deixou
para trás três romances que
honram cada uma de suas
folhas ao gritarem "madeeeeira" para o convencional literário. Fora da estante
mesmo são os dois romances de Dodge: "Not Fade
Away" (crônica de uma viagem EUA adentro nos anos
60) e "Stone Junction", as
fantásticas aventuras do personagem Daniel Pearse,
educado pela Aliança dos
Mágicos e Foras-da-Lei.
Tem alguém aí?
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