Livro apresenta ilustrador que retratou da pornochanchada aos Trapalhões

Ex-pianista de rádio na juventude, Benicio criou imagens célebres de rótulos de bebidas e capas de livros

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem viveu a época em que os cartazes de cinema eram ilustrados -procedimento que foi regra até meados da década de 1980- certamente conhece o trabalho do gaúcho José Luís Benicio da Fonseca, 70. Como mostra a biografia "Benicio - Um Perfil do Mestre das Pin-Ups e dos Cartazes de Cinema", escrita por Gonçalo Junior e lançada pela Cluq, praticamente todos os principais filmes brasileiros lançados entre 1968 e 1985 tiveram seus cartazes desenhados por Benicio - aí incluídos "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "Independência ou Morte" e 31 filmes dos Trapalhões. Também credita-se ao gaúcho incontáveis ilustrações para a pornochanchada, que marcou o cinema nacional com pérolas como "Cada um Dá o que Tem" e "O Garanhão no Lago das Virgens". A biografia conta como Benicio passou de pianista de rádio, aos 16 anos, para ilustrador profissional, criando capas de revistas femininas, como "Cinderela", e de séries de livros de bolso populares, como "FBI". As gerações mais recentes também devem reconhecer os traços do gaúcho em rótulos do rum Montilla (o pirata original era dele) e da catuaba Selvagem, além de cartazes de filmes como "Pelé Eterno" (2004).