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Físico descreve e dá notas a teorias malucas
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um universo onde o Big Bang
nunca existiu, a viagem no tempo
é possível e a Terra tem dois sóis
poderia ser o ponto de partida para qualquer romance de ficção
científica. Mas não é: são idéias
atualmente estudadas por cientistas e que podem ser verdade aqui
mesmo, no nosso universo, conforme conta o físico norte-americano Robert Ehrlich.
Em seu 19º livro, "As Nove
Idéias Mais Malucas da Ciência -E
Elas Podem até Ser Verdade",
Ehrlich descreve de forma bem-humorada nove teorias aparentemente -se não completamente- alucinadas (veja alguns
exemplos no quadro ao lado).
Professor de física da Universidade de George Mason, nos EUA,
Ehrlich tem uma queda por questões polêmicas e estudos bizarros,
como indica o título de sua antepenúltima obra, "Why Toast
Lands Jelly-Side Down" ("Por
Que as Torradas Caem com o Lado da Geléia para Baixo?"). E dá-lhe explicações científicas, físicas,
estatísticas e astronômicas para
ensinar como as coisas do nosso
cotidiano acontecem e por quê.
No caso das "Nove Idéias Mais
Malucas", lançado pelo selo Prestígio, da Ediouro, Ehrlich se debruça sobre teorias que desafiam
o senso comum. Afinal, o que dizer da possibilidade de que um
pouco de radiação é até saudável,
pode até lhe ser bastante recomendável?
O autor deixa claro, logo na
apresentação, que ele mesmo não
acredita piamente nas teorias que
apresenta. O subtítulo, aliás, diz
que elas podem "até" ser verdade.
"Para cada idéia maluca que leva a
um grande avanço revolucionário
existem provavelmente milhares
que nos conduzem à completa escuridão. Infelizmente, só com o
tempo conseguimos determinar a
qual dessas categorias pertence
uma nova idéia", justifica Ehrlich.
O físico não descarta possibilidades, garantindo às teorias o benefício da dúvida, mas, por outro
lado, dá sua opinião sobre as
idéias apresentadas. Para isso,
criou o "maluquímetro", um índice de 0 a 3 que indica a possibilidade de cada idéia ser verdade.
A idéia de que o petróleo e o carvão não vem dos fósseis, por
exemplo, ganha o índice 0, que
significa "por que não?". Já a teoria contrária à existência do Big
Bang é bem doida, segundo ele,
recebendo a nota 3 de maluquice
("Tenho quase certeza de que não
é verdade").
Uma das mais interessantes
idéias discutidas por Ehrlich é de
que a Terra poderia ter dois sóis:
"Um sol estaria muito mais distante do nosso planeta que o outro, não afetando, portanto, a órbita da Terra. Acredite se quiser:
alguns cientistas imaginam que
realmente vivemos neste sistema
de estrela dupla, embora ninguém, no meio das estrelas, percebesse outro companheiro do
Sol." Para essa teoria, Ehrlich dá a
nota maluca 2, que significa "provavelmente não é verdade".
Ehrlich também fala de idéias
fora da área da física, como a polêmica teoria de que "a Aids não é
causada pelo HIV", proposta pelo
virologista Peter Duesberg, hoje
desacreditado. Ehrlich considera
a idéia maluca nível 3. Talvez porque não tenha criado um nível 4.
AS NOVE IDÉIAS MAIS MALUCAS DA
CIÊNCIA - ("Nine Crazy Ideas in Science",
2001). De: Robert Ehrlich. Editora:
Prestígio Editorial (tel. 0/xx/11/3882-8200; www.ediouro.com.br).
Tradução: Valentim Rebouças e Marilza
Ataliba. 272 págs. R$ 39.
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