São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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Físico descreve e dá notas a teorias malucas

IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um universo onde o Big Bang nunca existiu, a viagem no tempo é possível e a Terra tem dois sóis poderia ser o ponto de partida para qualquer romance de ficção científica. Mas não é: são idéias atualmente estudadas por cientistas e que podem ser verdade aqui mesmo, no nosso universo, conforme conta o físico norte-americano Robert Ehrlich.
Em seu 19º livro, "As Nove Idéias Mais Malucas da Ciência -E Elas Podem até Ser Verdade", Ehrlich descreve de forma bem-humorada nove teorias aparentemente -se não completamente- alucinadas (veja alguns exemplos no quadro ao lado).
Professor de física da Universidade de George Mason, nos EUA, Ehrlich tem uma queda por questões polêmicas e estudos bizarros, como indica o título de sua antepenúltima obra, "Why Toast Lands Jelly-Side Down" ("Por Que as Torradas Caem com o Lado da Geléia para Baixo?"). E dá-lhe explicações científicas, físicas, estatísticas e astronômicas para ensinar como as coisas do nosso cotidiano acontecem e por quê.
No caso das "Nove Idéias Mais Malucas", lançado pelo selo Prestígio, da Ediouro, Ehrlich se debruça sobre teorias que desafiam o senso comum. Afinal, o que dizer da possibilidade de que um pouco de radiação é até saudável, pode até lhe ser bastante recomendável?
O autor deixa claro, logo na apresentação, que ele mesmo não acredita piamente nas teorias que apresenta. O subtítulo, aliás, diz que elas podem "até" ser verdade. "Para cada idéia maluca que leva a um grande avanço revolucionário existem provavelmente milhares que nos conduzem à completa escuridão. Infelizmente, só com o tempo conseguimos determinar a qual dessas categorias pertence uma nova idéia", justifica Ehrlich.
O físico não descarta possibilidades, garantindo às teorias o benefício da dúvida, mas, por outro lado, dá sua opinião sobre as idéias apresentadas. Para isso, criou o "maluquímetro", um índice de 0 a 3 que indica a possibilidade de cada idéia ser verdade.
A idéia de que o petróleo e o carvão não vem dos fósseis, por exemplo, ganha o índice 0, que significa "por que não?". Já a teoria contrária à existência do Big Bang é bem doida, segundo ele, recebendo a nota 3 de maluquice ("Tenho quase certeza de que não é verdade").
Uma das mais interessantes idéias discutidas por Ehrlich é de que a Terra poderia ter dois sóis: "Um sol estaria muito mais distante do nosso planeta que o outro, não afetando, portanto, a órbita da Terra. Acredite se quiser: alguns cientistas imaginam que realmente vivemos neste sistema de estrela dupla, embora ninguém, no meio das estrelas, percebesse outro companheiro do Sol." Para essa teoria, Ehrlich dá a nota maluca 2, que significa "provavelmente não é verdade".
Ehrlich também fala de idéias fora da área da física, como a polêmica teoria de que "a Aids não é causada pelo HIV", proposta pelo virologista Peter Duesberg, hoje desacreditado. Ehrlich considera a idéia maluca nível 3. Talvez porque não tenha criado um nível 4.


AS NOVE IDÉIAS MAIS MALUCAS DA CIÊNCIA - ("Nine Crazy Ideas in Science", 2001). De: Robert Ehrlich. Editora: Prestígio Editorial (tel. 0/xx/11/3882-8200; www.ediouro.com.br). Tradução: Valentim Rebouças e Marilza Ataliba. 272 págs. R$ 39.



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