São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2005

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MÚSICA

Em shows no Sesc Pompéia, violonista apresenta composições de seu novo álbum, lançado pela gravadora Biscoito Fino

Chico Pinheiro mostra seu brilho em segundo disco

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No universo da música instrumental brasileira, existem várias órbitas com suas leis e lógicas próprias. Ocupando seu lugar neste espaço, o violonista, guitarrista e compositor Chico Pinheiro mostra seu brilho próprio hoje e amanhã no Sesc Pompéia, em dois shows de lançamento de seu disco mais recente, homônimo.
No show, ele toca violão e guitarra (e canta) acompanhado do pianista Fábio Torres e do baixista Marcelo Mariano, músicos com quem já divide palcos e estúdios há tempos. O baterista será Celso de Almeida e haverá ainda participação de duas cantoras: Luciana Alves e Tatiana Parra. A participação de cantoras no seu show, aliás, já é uma tradição. Até hoje ele é lembrado como o músico que lançou Maria Rita como cantora, em 2002, quando ela fazia humilde participação em seu show.
Depois de lançar sua ultra-independente estréia, "Meia-Noite, Meio-Dia", em 2003, o músico volta agora sob o apoio da Biscoito Fino. O destaque deve ser maior, a evolução foi notória.
Interessado em criar e desenvolver um estilo de tocar e compor que seja brasileiro, novo e interessante, Pinheiro conta que suas influências são muitas. Daí exatamente surge sua personalidade. "Sempre ouvi e gostei muito de música clássica, jazz, música brasileira, pop e rock dos anos 70, muita coisa. No Brasil, nossa informação musical é muito grande. E o bom é isso, assimilar tudo. Se você se fecha, a música não evolui. É essa coisa Oswaldiana, "Mariodeandradeana", do modernismo, a gente pega as coisas e transforma em algo diferente."
Sobre as diferenças entre o primeiro e o segundo disco, ele comenta: "Os dois são muito diferentes, mas por mais que a gente mude, a semente é a mesma. É uma linha evolutiva dentro de uma lógica. Acho que quem compõe acaba desenvolvendo uma personalidade, então são as minhas músicas. Quando eu componho eu não penso, eu faço. É um mistério como acontece. No disco novo há uma evolução, ele é mais conciso, mais maduro. Este segundo trabalho está mais jazzístico que o primeiro, com mais solos, com uma maneira mais solta de tocar. Digo isso porque o jazz não é um estilo, é uma maneira de pensar a música. O choro também tem muito disso".
É uma concepção aberta, rica, cheia de influências e com pegada popular. Será que todas essas referências fazem com que o som se torne mais facilmente entendido pelo público em geral? "Isso eu não sei dizer. Já ouvi de tudo sobre minha música: que é sofisticada, que é fácil de ouvir. Acho que o importante é que a pessoa sinta. Eu adoro a opinião de pessoas leigas. A pessoa não ouve analisando, ela se emociona, mesmo se não entender o que acontece musicalmente. A função da música é essa, fazer você sentir. Assim você se acha. É por isso que sou músico, para que as pessoas sintam."


Chico Pinheiro
Quando:
hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, SP, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 4 a R$ 12


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