São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2005

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19ª SPFW

Fantasia da moda abre SPFW, que olha para seu passado

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Diretor da São Paulo Fashion Week, Paulo Borges abriu o evento: foi o primeirão a entrar na passarela de Ricardo Almeida ontem, às 15h15, no prédio da Bienal, no parque do Ibirapuera. Ao lado do cantor Seu Jorge, Borges foi bem aplaudido, dando pistas do clima de flashback fashion que deverá marcar esta 19ª edição, que comemora dez anos do evento.
"Agora é que estamos começando a trabalhar", disse, num laivo de humildade, durante a coletiva. O prefeito de São Paulo, José Serra, também estava lá e anunciou um novo projeto sobre estudos de moda, previsto para o ano que vem. "Serão duas unidades: uma no centro, outra na Zona Leste", declarou. A SPFW de verão 2006 mostrará 51 desfiles até segunda.
No primeiro dia, em termos de moda, destacou-se mais uma vez Alexandre Herchcovitch. Já em termos de hype, Ricardo Almeida trouxe glamour e leveza à abertura. Já a Patachou de Tereza Santos fez um desfile confuso, ainda que com boas peças avulsas.
Com 40 celebridades no elenco, e nenhum modelo na passarela, Ricardo Almeida trouxe a chic-queria da cultura lounge, com a charmosa ambientação do arquiteto Arthur Casas (o mesmo do hotel Emiliano, nos Jardins). Champagne não poderia faltar, e os famosos fizeram uma divertida confraternização entre brindes e luminárias-design.
O elenco estelar de Ricardo Almeida compôs um belo esquadrão de "homens de cinza", privilegiando a personalidade de cada um. Os mais modernos vestiam roupas mais "sequinhas", que incluíam jeans com blazers; os empresários e executivos vestiam cortes mais clássicos. Nos dois casos, as proporções são mais estreitas e as mangas dos paletós mais curtas. O look fashion era o do surfista carioca Marcelo Biju, um costume de cetim em cinza claro.
Dando prosseguimento a seu novo espírito romântico e lúdico, Herchcovitch mostrou praticamente um passeio na floresta, com decoração de acrílico no contra-luz dos janelões da Bienal: unicórnios, cavalos-marinhos, cogumelos, corações e flores. "A imagem ficou como eu queria: uma fantasia mesmo". As estampas são florais e também o melhor da coleção: releituras de tecidos sintéticos dos anos 70. A década dá o tom do desfile, junto com o folk. O estilista passeia habilmente entre um quê Carnaby Street londrino, anabelas holandesas, edições à Harajuku e lindas silhuetas de bonecas russas. Tudo em embalagem mais acessível.
Acionando a simplicidade que busca a moda global, a Patachou se perdeu na história de fazer apenas um guarda-roupa de um "paraíso tropical". Ficam as saias e os vestidos longos, os sempre bons crochês e malhas. Alguns looks se mostraram totalmente incompreensíveis: grunges do Guarujá? Hippies do pôr-do-sol do Posto Nove? Ana Claudia de vestido curto florido e Adriana Lima de iemanjá tropicalista não ajudaram muito a entender.
A Cia. Marítima trouxe um desfile adulto, o primeiro de moda praia em SP, confirmando uma tendência do Fashion Rio, a de formas mais comportadas. O estilo é anos 70, aqui com leitura hippie. As meninas estavam ultrabronzeadas, um look "Rose de Primo vai à India", segundo o top maquiador Saulo Fonseca. A novidade: os looks misturados, com calcinha separada do top, em estampas de arabescos, com aplicações de paetês e bordados. A imagem que muda a estação: o look de Liliane Ferrarezi, com o modelo fio-dental sob os maiôs engana-mamãe, talvez uma evolução dos recortes da Rosa Chá na última estação.


Colaboraram André do Val e Jackson Araujo

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