São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Nas lojas

Drama
No Vale das Sombras
PAUL HAGGIS
Distribuidora:
Paris; Quanto: só locação; Avaliação: regular
Depois do insuportável "Crash - No Limite", o roteirista-diretor Paul Haggis controla melhor seus excessos didáticos nesta ficção que aborda o atual envolvimento norte-americano no Iraque, na perspectiva de um pai cujo filho desaparece na base militar em que se encontrava ao retornar aos EUA. Tommy Lee Jones está mais uma vez soberbo como o pai atônito que, ao investigar o sumiço, perde-se numa nuvem de enigmas alimentada pela opacidade das instituições (polícia, exército). Em vez do discurso social de seu filme de estréia, Haggis opta por um tratamento mais simbólico, por meio de figuras como a bandeira, e adota a estrutura do thriller para manter a vibração de entretenimento de sua história. Mas se mantém politizado ao enfatizar a dissolução da crença em valores como bravura e defesa da democracia, que estão na base das atitudes militaristas dos EUA. E demonstra que pode realizar um drama engajado sem nos torturar com falatório. (CÁSSIO STARLING CARLOS)

Drama Piaf - Um Hino ao Amor
OLIVIER DAHAN
Distribuidora:
Europa; Quanto: R$ 30, em média;
Avaliação: ruim
A despeito da atuação multipremiada de Marion Cotillard, não passa despercebido ao espectador exigente que "Piaf - Um Hino ao Amor" nada mais é que um filme que reproduz todos os defeitos do gênero cinema biográfico. Neste tipo de produção, a preocupação se atém à fidelidade (de época, de similitudes físicas) como se a boa qualidade disso bastasse para satisfazer as demandas de verossimilhança exigidas em qualquer ficção. O roteiro do também diretor Olivier Dahan apenas faz suceder, num modo álbum de retratos e sem se preocupar em dar um tratamento orgânico à evolução dramática, sucessivos momentos da vida da estrela da canção francesa, da infância pobre ao fim decadente. A ótima receptividade do público foi efeito maior da memória emocional das músicas e do teor mediúnico e inevitavelmente caricato do desempenho de Cotillard. Fora isso, se tirar Piaf e colocar no lugar Billie Holiday, Ray Charles, Johnny Cash ou Zezé Di Camargo e Luciano, o resultado continua o mesmo. (CSC)


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