São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Viagem marca retorno de atriz ao país natal

DA ENVIADA A HAVANA

A viagem dos Satyros a Cuba tem outro sentido, além da apresentação de um espetáculo, para uma das integrantes da companhia: a transexual cubana Phedra D. Cordoba, 70, atriz dos Satyros desde 2003, reencontrou Havana 54 anos depois da partida.
"Ela é a verdadeira Estátua da Liberdade do século 21. Não será transportada de navio durante semanas, como aconteceu quando os franceses deram o seu presente gigantesco aos americanos. Será transportada em um assento pequeno e desconfortável pela Copa [Airlines, companhia aérea panamenha], com escala no Panamá", escreveu em seu blog, antes da viagem, o diretor do grupo, Rodolfo Vázquez.
Depois da escala, Phedra chegou a Cuba procurando fumar -e pôde fazê-lo já dentro do aeroporto da capital, onde não há restrição ao fumo em alguns ambientes. "Estou feliz. Achei que Havana estaria mais feia. E você está gostando? É bonito ver vocês tentando hablar espanhol", comenta.
Batom vermelho nos lábios e leque sempre em mãos, ela parece alheia às dificuldades que o restante do grupo enfrenta em seu país. Saiu de Cuba antes da revolução de 1959. Queria dançar e atuar como atriz, mas era impedida pela família de se vestir de mulher. Deixou o país para realizar o desejo e conheceu mais de dez lugares até se fixar no Brasil, há 50 anos.
"Eu sou pioneira das transexuais cubanas", afirma. "Nada disso era permitido aqui", diz, referindo-se à homossexualidade. Além da peça, Phedra ganhou outros palcos em Havana durante a temporada dos Satyros: dançou e cantou numa festa gay clandestina (leia na página ao lado) e gravou cenas no Malecon, o calçadão à margem do mar em Havana, para um documentário, iniciado no Brasil por Kiko Goifman. (AF)


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