São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009

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Médico encontrou Michael Jackson já sem respiração, afirma advogado

Figura central na investigação da morte, cardiologista foi ouvido no sábado por três horas pela polícia de Los Angeles

Ex-babá de filhos de Jackson reforça acusação de vício do músico em drogas contra a dor e também deve ser ouvida pelos detetives

Chris Carlson/Associated Press
Katherine Jackson, mãe do cantor, que afirmou querer a guarda dos três netos

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Uma das testemunhas-chave na investigação não criminal que a polícia de Los Angeles conduz para esclarecer as circunstâncias da morte de Michael Jackson, seu médico particular disse que não injetou nenhuma droga nele no dia de sua morte, na quinta-feira. E afirmou que o cantor já estava inconsciente quando entrou "por acaso" em seu quarto.
O cardiologista Conrad Murray, 56, foi ouvido por três horas na noite de sábado pelo time de detetives encarregados do caso. A polícia não divulgou detalhes da conversa, mas disse que ele cooperou e "deu informações que vão ajudar nas investigações". Segundo seu advogado, Edward Chernoff, e pessoas ligadas à investigação, o médico não é considerado suspeito de nada.
O advogado disse que os relatos de que seu cliente injetou Demerol, uma potente droga similar à morfina, minutos antes da parada cardiorrespiratória de Jackson, eram "absolutamente falsos".
"Ele nunca prescreveu ou injetou Demerol. Nem OxyContin", disse Chernoff, que afirmou que, quando entrou no quarto do músico, Murray já o encontrou desacordado.
Jackson não respirava, disse o advogado ao "Los Angeles Times" e à Associated Press: "Ele checou seu pulso. Havia um pulso fraco na artéria femoral [da coxa] e ele começou a fazer a massagem cardiorrespiratória". Depois de um telefonema de emergência, cujo teor foi divulgado na sexta, e da chegada dos paramédicos, Murray acompanhou o músico até o hospital, onde a morte de Jackson, aos 50, foi pronunciada.
Desde então, Murray virou uma das figuras principais da trama em torno das circunstâncias da morte do músico. Nas primeiras horas, o médico desapareceu e o carro que usava foi guinchado pela polícia, para investigação. Descobriu-se que ele tinha dívidas que podem chegar a US$ 1 milhão. A transcrição do telefonema sugere que ele fazia a massagem cardíaca na cama, e não em uma superfície dura.
Resultados preliminares de autópsia oficial citam que o músico tomava drogas sob prescrição, sem citar quais. Fontes próximas à investigação citadas pela mídia local disseram que Murray havia injetado Demerol em Jackson. A suspeita de uso indiscriminado de drogas facilitado pelo médico particular foi reforçada por declarações de amigos e pessoas ligadas ao músico.
Nos últimos dias, gente como a cantora Liza Minnelli, o médico e guru de autoajuda Deepak Chopra e o advogado Brian Oxman disseram ou sugeriram que o músico era viciado em drogas contra a dor, como o opiáceo OxyContin. Ontem, mais uma pessoa do entourage do músico se juntou ao coro de acusações. É a ex-babá ugandense Grace Rwaramba, demitida há seis meses.
Falando ao "Sunday Times" de Londres, ela disse que o músico misturava remédios rotineiramente e que mais de uma vez ela teve de fazer lavagem estomacal nele. "Houve uma época que ele estava tão mal que eu não deixava que as crianças o vissem", disse ela. "Ele sempre comeu de menos e misturou demais." Ela deve ser ouvida pela polícia de Los Angeles nos próximos dias.

Homenagens
Reunida em Encino, a 20 minutos de Los Angeles, a família de Jackson decidia detalhes do enterro privado e ouvia propostas para cerimônias públicas em homenagem ao músico. Uma das confirmadas acontece na terça, no teatro Apollo, no Harlem nova-iorquino, comandada pelo pastor Al Sharpton.
Outros relatos, não confirmados, davam conta de diversos músicos, como Madonna, assumindo a série de shows que Jackson faria em Londres a partir de julho, cantando as mesmas músicas que ele pretendia cantar, clássicos como "Thriller" e "Billie Jean". E de que um DVD com o último ensaio dele em Los Angeles, gravado em alta definição, pode ser lançado comercialmente.
Ontem ainda, o assessor David Axelrod confirmou que Barack Obama escreveu uma carta de condolências à família do cantor, por achar que essa "era a melhor maneira de agir", segundo o assessor do presidente. O democrata não fez nenhuma declaração pública sobre a morte de Michael Jackson, quebrando o protocolo em situações desse tipo.


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