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CRÍTICA
Disco presta homenagens e evoca as fontes do sambista
DA SUCURSAL DO RIO
"Brasão de Orfeu" não tem
pontos tão altos quanto os
dois de "O Som Sagrado de Wilson das Neves" - o belíssimo "O
Samba é Meu Dom" ("E é num
samba/ Que eu quero morrer/ De
baquetas na mão", letra de Paulo
César Pinheiro) e o divertido
"Grande Hotel ("Entras com ares
de atriz/ Sabes que sou da platéia", letra de Chico Buarque).
Mas é um disco que evoca muito bem as fontes de Wilson das
Neves. Ele é o autor das 13 melodias, que não guardam profundas
variações, mas têm consistência.
A primeira das fontes é o Império Serrano, evocado no abre-alas
"Imperial", linda letra de Aldir
Blanc. O romantismo dos salões e
gafieiras, no limite entre a bossa e
a fossa, está bem tratado em
"Samba pra Mim Mesmo", "Jóia
Perdida" e "Traço de Giz", letras
de Paulo César Pinheiro.
Leveza e tristeza também rimam em "Lupiciniana", em que
Nei Lopes faz engenhosa colagem
de versos de Lupicínio Rodrigues.
A música faz par com "A Divina"
em outra marca de Das Neves: o
tributo aos que já se foram. Mas a
letra (de Pinheiro) da homenagem a Elizeth Cardoso escorrega
em alguns clichês, como "Uma
artista que se enluarou/ A cantora
que o povo chamou/ A Magnífica,
a Divina!".
Em "De Muito Longe", os versos de Délcio Carvalho abrilhantam uma das melhores melodias
do CD. "Eu vou cantando levando
alegria/ A quem nasceu num
mundo cheio de agonia", diz os
versos finais, traduzindo bem a
vida e a obra de Das Neves.
(LUIZ FERNANDO VIANNA)
Brasão de Orfeu
Artista: Wilson das Neves
Gravadora: Quelé
Quanto: R$ 20
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