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ROCK
Kaiser Chiefs acerta ao pular anos 80
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Esta banda, Kaiser Chiefs, pode até não ser perfeita, mas há
um ótimo motivo para adorá-los
até a morte: para eles, os anos 80
não existiram.
O disco, "Employment", é quase um oásis no meio dessas pragas
que são as festas que "resgatam" o
brega daquela época, as bandas
que começam e param no Gang of
Four, e DJs que têm como referência única o Duran Duran.
Porque o Kaiser Chiefs começa
nos anos 60, com o mod Kinks,
passa pelo The Jam do final dos 70
e pula para o britpop dos anos 90.
Tudo bem britânico -na verdade, o CD é tão britânico que dá até
vontade de tomar chá com leite.
O grupo, um quinteto de Leeds,
está com a moral lá em cima. Foram indicados ao Mercury Prize e
são, segundo as casas de apostas
inglesas, os favoritos para levar o
prêmio -o mais prestigioso da
música pop do Reino Unido.
Não à toa, "Employment" lembra tanto "Parklife" ou "Modern
Life Is Rubish", do Blur, ou "Supergrass" ou "His and Hers", do
Pulp. O disco foi produzido por
Stephen Street, o homem por trás
de discos de Blur, Smiths, Morrissey, Graham Coxon etc.
O álbum já soltou quatro hits e
colocou o Kaiser Chiefs nos principais festivais europeus e numa
turnê com o Foo Fighters.
À parte as referências roqueiras,
há até toques aqui e ali de eletrônica, como em "Everyday I Love
You Less and Less", que abre o
disco. A faixa é bem mod, com
um vocal pop, mas tem também
teclado sujo, meio electro; é perfeita para as pistas de rock.
"I Predict a Riot" dá ainda ao
início do álbum o cheiro antigo,
anos 70. Quase punk, a canção
lembra The Jam, e foi a música
que fez a banda começar a ser tocada nas rádios européias, no final do ano passado.
A partir daí os anos 90 tomam
conta do álbum. A primeira surpresa vem com "Modern Way",
faixa que traz com elegância e fôlego o britpop para os anos 90. Em
"Na Na Na Na Naa", vem o recado: "Isso não mexe comigo/ Não
mexe comigo em nada/ (...) Não é
o tipo de coisa que eu gosto/ (...)
Ela não mexe comigo/ Ela não é o
tipo de garota que eu gosto".
Até músicas menos imediatas,
como as semibaladas "You Can
Have It All" e "What Did I Ever
Give You" têm a sua graça; as melodias lembram algumas das canções mais ensolaradas -e inspiradas- do Oasis.
Há momentos mais fracos, como "Saturday Night", que não
tem tempero nenhum. Já "Born
to Be a Dancer" parece ser a mais
planejada, polida e ensaiada do
disco, feita cuidadosamente para
ser acompanhada por assobios e
batidas de pé; é bem besta. Mas
são coisas que não tiram o brilho
do álbum, que garante uma bela e
renovada diversão.
Employment
Artista: Kaiser Chiefs
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 35, em média
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