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Atrito começa com escolha de elenco
Autor e diretor de núcleo costumam compartilhar seleção de atores, definição de cenografia e trilha sonora das novelas
Para Ricardo Waddington, que teve problemas com Carlos Lombardi em "Pé na Jaca", atritos fazem parte das relações humanas
COLUNISTA DA FOLHA
Muitas vezes as desavenças
entre autores e diretores de núcleo já começam na escalação
do elenco, tarefa que os dois
costumam dividir, assim como
a escolha do figurino, da cenografia e da trilha sonora. E se
tornam mais graves quando o
primeiro concebe a história de
uma forma e o segundo a executa de outra.
Carlos Lombardi e Ricardo
Waddington começaram a se
estranhar em "Pé na Jaca" antes mesmo de a novela estrear,
com a escalação de Paulo Silvestrini como um dos diretores
da trama. A escolha dos diretores é função do diretor de núcleo, mas Lombardi achava Silvestrini incompatível com seu
estilo. Reclamou a Mario Lucio
Vaz, diretor-geral artístico da
Globo, que afastou Silvestrini.
Waddington passou a alterar
falas e cenas. Durante a novela,
Lombardi foi parar duas vezes
no hospital, com pressão alta,
supostamente por causa dos
estragos feitos em seu texto.
Passou a chamar Waddington
de "O Diabo Veste Diesel".
""Pé na Jaca" foi uma novela
em que me diverti muito escrevendo para um elenco de protagonistas muito bons. Há coisas
na novela que não gostei, com
certeza, mas isso é passado", limitou-se a responder Lombardi, ao ser questionado sobre os
bastidores de "Pé na Jaca".
Waddington preferiu não comentar as desavenças. "Acho
absolutamente natural e normal que exista boa química entre autores e diretores. Mas há
químicas que desandam no
meio do processo. Faz parte das
relações humanas", disse.
Antes de Lombardi e Waddington e de Glória Perez e Jayme Monjardim (que romperam
relações porque a autora idealizou para "América" uma heroína sofredora, porém forte, e viu
no ar uma chorona), outros "casamentos" foram desfeitos.
O próprio Lombardi teve
problemas com Wolf Maya, em
2003, durante "Kubanacan".
Lombardi atrasava a entrega de
capítulos, o que afetava o ritmo
de gravações. Maya acabou tirando férias no meio da novela.
E depois foi tratar da implantação de "Senhora do Destino"
(2004), de Aguinaldo Silva.
Silva teve problemas com
Daniel Filho e Ricardo Waddington em "Suave Veneno"
(1999) e com Marcos Paulo em
"Porto dos Milagres" (2001).
Deu certo com Wolf Maya em
"Senhora do Destino" e irá repetir a parceria na próxima novela das oito, "Duas Caras". Para ele, a relação ideal é "aquela
em que ninguém perde tempo a
medir centímetros e dizer "o
meu é maior do que o seu'".
Silvio de Abreu ("Belíssima"), que nunca teve atritos,
abre o "segredo": "Nunca aceitei trabalhar com um diretor de
núcleo que não me entendesse,
que fosse extremamente vaidoso ou inseguro a ponto de querer parecer o dono da bola".
Manoel Carlos, que no ano
passado trocou Ricardo Waddington (diretor de suas quatro
novelas anteriores) por Monjardim, diz que autor e diretor
"têm que atuar em suas respectivas áreas, procurando não invadir o território do outro". "O
diretor de núcleo tem poder
dentro da área em que atua,
mas o autor é a autoridade
maior da novela. Ele é principal
responsável pelo produto", diz.
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