São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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Bebel Gilberto desafia a própria sina

Filha de João Gilberto e Miúcha, cantora radicada em Nova York se prepara para fazer shows no Brasil no fim do ano

"Momento" tem músicas de sua autoria, além de composições de Chico Buarque, de Cole Porter e do produtor carioca Kassin

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Se há uma cantora que pode ser considerada uma síntese da música brasileira atual, ela é Bebel Gilberto. Primeiro, porque o que há de mais original em sua música é a tão em voga fusão de gêneros e estilos. E, depois, porque ela catalisa uma produção com ares cosmopolitas que, ao mesmo tempo, se mantém bastante brasileira.
Longe da popularidade de Marisa Monte ou Maria Rita, a cantora firmou carreira no exterior sem perder a brasilidade.
"Tenho aquela sina: será que a Bebel é uma artista internacional ou brasileira?" E o que você se considera? "Claro que sou brasileira!", responde, quase com indignação.
Vivendo há 15 anos em Nova York, a filha de João Gilberto e Miúcha acredita que só conseguiu achar seu próprio caminho fora do Brasil.
"Não teria criado o som que estou desenvolvendo agora se não fosse o que aprendi aqui. Foram várias influências, é ligar o rádio, ir numa loja de discos, a shows. Virou um som de brasileira que se desenvolveu fora do Brasil, no bom sentido, claro", disse, em entrevista, por telefone, de Nova York.
A cantora de 41 anos lançou em abril, no exterior, "Momento", seu terceiro álbum, que chega aqui no dia 15.
O disco começou a ser produzido em 2005. "Estávamos ensaiando e o Masa Shimizu, um japonês que toca comigo há um tempão e que virou "o" brasileiro da banda, começou a tocar a introdução de "Momento". Passamos a tarde inteira escrevendo a música'", conta.
Há ainda regravações, como "Night and Day", de Cole Porter, "Caçada", de Chico Buarque, e "Tranqüilo", que cantou com a Orquestra Imperial.
Bebel se recupera de um acidente nas ruas de Nova York, no qual quebrou a perna e rompeu três ligamentos, e, em agosto, recomeça a turnê de lançamento do CD, na Escandinávia. No fim do ano, ela promete se apresentar no Brasil.
Será uma rara oportunidade de vê-la ao vivo -sua última apresentação brasileira foi em 2005. Mas por que ela faz tão poucos shows aqui? "Não foram tão poucos", desconversa.
"Só que tenho minha realidade, né? Músicos que são baseados fora do Brasil, que ganham em dólar, e não tenho a disponibilidade de estar sempre aí", explica Bebel. "Agora sou a cantora brasileira que mais vende discos fora do Brasil. E por quê? Não é porque minha música é incrível. Ralo para caramba, faço três turnês por ano no mesmo país. Aqui fica mais viável."
Fora essas dificuldades, ela sente um certo receio da platéia brasileira. "Medo do público a gente tem sempre. No Brasil é diferente, parece que está todo mundo com uma lente enorme, esperando o que eu vou dizer. Às vezes, fico meio grilada."
E há também o peso das origens. "Pesa para sempre. Não tem jeito. Mas tem que se orgulhar, pensar "que sorte ter uma família incrível, estar num meio tão bacana"."


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