São Paulo, quarta-feira, 29 de julho de 2009

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Funesta, cena "new grave" anima o rock britânico

LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com o perdão do trocadilho macabro, o cenário pop onde o Horrors vem se destacando é o do... horror. Um clima funesto assombra a música jovem britânica desde o ano passado e vem ganhando lugares interessantes nas paradas. É a chamada -atenção para a alcunha- "new grave" ("grave" significa "túmulo", sendo aí óbvia corruptela de "rave" ou "wave").
A despeito do visual de filme de terror, do nome desgraçado de seus integrantes (Faris Canalha, Zé do Caixão...), o Horrors tem até bom-humor nessa "desgraceira musical" do Reino Unido, a tal cena Fright Club (clube do medo), em outra brincadeira de palavras.
Para quem apareceu com a música "Sheena Is a Parasite", sobre a decrépita e perturbada moça Sheena, personagem também de música dos Ramones e do Cramps, o Horrors sempre mostrou mais pose que pessimismo. Mais estilo que desespero. Diferente dos contemporâneos do Glasvegas (outro concorrente ao Mercury Prize) e do White Lies, duas das bandas mais faladas do Reino Unido atualmente. Aqui a "new grave" é coisa mais pesada.
Os escoceses do Glasvegas ficaram tão grandes que quase dá para dizer que chegaram ao mainstream. O destaque que ganharam em vendas e alta rotatividade em rádio e TV veio por conta de som pesado, indie-gótico, com letras que versam sobre suicídio, assassinato, estupro e crimes com faca.
Quando o disco de estreia do Glasvegas foi lançado, em setembro de 2008, brigou pelo topo das paradas com o álbum que marcou a volta do supergrupo Metallica.
O Glasvegas está no meio de sua segunda turnê americana deste ano, em que abriu os shows do Oasis na Europa e em estádios do Reino Unido. Ecoarão seu som deprê ainda pelos megafestivais tipo Lollapalooza (EUA) e Reading Festival (Inglaterra) e serão a banda-suporte do U2 no estádio de Wembley no próximo dia 15.
Sobre o White Lies, outro integrante do dark pop britânico atual, basta falar que seu disco de estreia, lançado neste ano, chama "To Lose My Life..." (perder minha vida). Eles estão ocupados na Ásia com a "Summer of Death", série de shows com nome inspirado em seu single macabro "Death", cuja letra é narrada por alguém já morto, vendo "o mundo dos vivos" de uma nuvem.
Logo mais embarcam em turnê europeia em estádios com o Coldplay (com shows no Wembley), tocam no Reading Festival, percorrem os EUA com o Kings of Leon, assumem sozinhos outra turnê europeia e depois britânica.
Soa paradoxal, mas em 2009 a "new grave" está para lá de animada.


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