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Paranaense conclui minissérie após 10 anos
"A Saga", de Manaoos Aristides, fez acordo com prefeituras e custou R$ 2 mi
Programa, que será exibido neste ano pela TV Educativa, aborda colonização do oeste do Paraná e a descoberta das cataratas do Iguaçu
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Quando iniciou as filmagens
de "A Saga" em 1999, o diretor e
roteirista Manaoos Aristides,
então com 54 anos, sabia que
seus planos eram ambiciosos:
fazer uma minissérie fora do eixo Rio-São Paulo, mesclar atores profissionais e amadores,
arquitetar uma megaprodução.
O que ele não sabia é que a tarefa ia demorar dez anos para ser
concluída. Agora, ele tem um
novo desafio: negociar a veiculação com redes nacionais.
"Acabou sendo uma saga
dentro da própria "Saga'", diz
Aristides, 64, ao enumerar as
dificuldades financeiras, as interrupções em razão da falta de
verba e a maneira criativa de
solucionar os problemas.
Sem dinheiro, fazia convênios em municípios paranaenses para as locações. As prefeituras forneciam alimentação e
infraestrutura para as equipes
e, em troca, a produção fazia
oficinas para atores nas cidades. Nesse esquema, 17 municípios paranaenses receberam
filmagens de "A Saga".
"Nessas oficinas, fomos selecionando atores locais que entraram na história, além de arrebanharmos figurantes", diz
Aristides. Ao todo, 4.010 pessoas se envolveram com a minissérie, entre atores, figurantes e equipe técnica.
As interrupções possibilitaram histórias curiosas, como a
de Daniel Petroscki, escalado
para fazer um personagem na
pré-adolescência. Ele tinha 11
anos nas primeiras cenas. Para
o papel do personagem já adulto, o planejamento era colocar
outra pessoa. Os anos de intervalo, no entanto, fizeram com
que ele assumisse os dois papéis. Hoje, o ator tem 19 anos.
Aristides estima que a série
tenha custado mais de R$ 2 milhões. Segundo ele, os maiores
gastos foram com a construção
de cidades cenográficas em
Cascavel, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon.
A minissérie aborda a colonização do oeste paranaense
-uma história de grilagem de
terras, revoltas de posseiros e
mortes- entre as décadas de
30 e 60 do século passado.
Aristides ligou esses episódios a fatos históricos, como a
descoberta das cataratas do
Iguaçu, em 1542, pelo conquistador espanhol Alvar Nuñez
Cabeza de Vaca, e a passagem
da Coluna Prestes, liderada por
Luiz Carlos Prestes, por Foz do
Iguaçu na década de 20.
A narrativa e a interligação
dessas épocas distintas é feita
pelo personagem padre Germano, interpretado por Valdir
Fernandes ("Mandacaru"). Roberto Bomtempo dá vida a Cabeza de Vaca.
A TV Educativa, mantida pelo governo do Paraná, deverá
levar a minissérie ao ar ainda
neste ano. Aristides, no entanto, diz que negocia também exibições com a Rede TV!, o SBT e
a TV Brasil. Ele se diz disposto a
enfrentar "outra saga".
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