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comida
É de chocolate!
Chocolaterias investem no chocolate quente feito com o produto em barra , o que resulta em uma bebida mais cremosa, aromática e cara
LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO
Está registrado no livro sagrado dos maias que a primeira bebida à base de cacau
tem origem divina. Achocolatados existem pelo menos
desde o século 4 a.C.
Naquela época, no entanto, tinham pouca semelhança com a bebida que conhecemos hoje -cremosa, rica,
suave. Era amarga, gordurosa e fria, reservada somente
aos nobres e guerreiros.
Daquela semente de cacau
rara, preciosa e usada como
moeda, fazia-se uma bebida
despejada em cabaças do alto para obter espuma.
Um botânico italiano do
século 16 descreveu o método usado nas áreas rurais:
viajantes colhiam as frutas.
Eram secas ao fogo em panelas de barro. Depois, quebradas entre pedras e reduzidas
a farinha, transferida para
grandes vasilhames, misturada a água e pimenta.
O chocolate quente, que já
no século 17 era coqueluche
da aristocracia europeia, virou moda hoje nas chocolaterias paulistanas em versões
mais sofisticadas.
Essas lojas especializadas
no "ouro negro", que vêm pipocando na cidade, passaram a se dedicar também ao
chocolate quente, brincando
com suas porcentagens de
cacau e combinações de ingredientes.
Ao deixar o chocolate em
pó de lado para ser feita com
a própria barra de chocolate,
de melhor qualidade, a bebida fica mais cara e seu preparo, mais lento.
Para quem gosta, compensa: a bebida é muito mais
aromática e cremosa por conta da gordura da manteiga de
cacau dos tabletes -presente em menor porcentagem no
cacau ou chocolate em pó
(este, industrializado, misturado ao açúcar).
MAPA DA MINA
"Posso brincar com qualquer tipo de chocolate, com o
teor de cacau, que, quanto
mais alto, mais cremoso", diz
a expert Renata Arassiro, da
Esses Chocolates.
Em sua loja, ela escolheu
um chocolate de origem, de
Madagascar, com 62% de cacau, ácido e frutado, para
combinar com geleia de
framboesa e leite quente. O
copo é decorado com chantilly, pistache, grão de cacau
e uma folhinha de hortelã
-custa R$ 13. "O chocolate
quente feito com a própria
barra tem mais sabor do que
o feito com pó em casa."
Em frente à Chocolat des
Arts, uma xícara gigante
atrai clientes para o festival
da bebida. Uma das versões,
por exemplo, mistura chocolate belga (53% cacau) com
uma calda de cerejas importadas da Itália. As especiarias
que incrementam outra opção vêm do Marrocos.
"Fazemos a mesma base.
Derreto a barra e acrescento
creme de leite, para ficar cremoso. Com leite, fica ralo e
dilui-se o sabor do chocolate", diz Cintia Sanches Lima.
Para ela, essa tendência de
preparo demonstra que a sofisticação e o contraste de sabores típicos da alta gastronomia têm alcançado a vertente das bebidas.
Na Galeria Chocolate, a
novidade é a degustação de
chocolate quente, com cinco
receitas, servidas em copinhos de vidro (R$ 22). Todas
são bem espessas e cumprem
a função de uma sobremesa.
Mais leves são as três opções da Valrhona: são preparadas com leite vaporizado e
barras de chocolate de origem (jivara, de Equador, e
manjari, de Madagascar; R$
15, o grande).
Também há uma versão,
mais rala e amarga, mas bem
aromática, feita com pó
100% cacau, sem adição de
açúcar -resultado de um
"blend" que combina cacau
da Venezuela, Equador e República Dominicana).
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