São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011 |
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Alta infidelidade? Peça da Sutil Companhia de Teatro ressoa livro de editor da "Rolling Stone" publicado nos EUA
CAROL NOGUEIRA DE SÃO PAULO Mixtape é o termo usado para as antigas fitas cassete gravadas de forma caseira para presentear amigos e namorados. Para trazer a palavra ao vocabulário brasileiro, mixtape é uma coletânea. No livro "Love Is a Mixtape" (Random House), o jornalista Rob Sheffield fala sobre a perda da mulher por meio das fitinhas gravadas em cada época da vida a dois. Repleto de referências pop, o livro é um prato cheio para adaptações. E pode parecer o caso para quem assiste à peça "Trilhas Sonoras de Amor Perdidas", da Sutil Cia. de Teatro, em cartaz no Sesc Belenzinho, em SP, até domingo. A peça é parte da trilogia iniciada com "A Vida é Cheia de Som e Fúria", baseada no livro "Alta Fidelidade", de Nick Hornby, em 2000. Embora Sheffield esteja citado numa lista de 17 nomes cujas histórias foram usadas pela companhia para compor o espetáculo, a proximidade coloca em xeque a ideia de autoria ao dar um passo além da inspiração. O enredo encenado é idêntico ao do livro. Há trechos e frases transpostos da obra de Sheffield, hoje um dos editores da revista "Rolling Stone" nos EUA. Felipe Hirsch, diretor da Sutil, diz que o espetáculo foi montado como uma mixtape. "Uma adaptação seria se Sheffield fosse o único destes autores, e não, como é, um dos mais presentes", diz. "Nessa playlist há diversos ensaístas, críticos, autores e músicos." Há pelo menos um nome e uma data iguais aos do livro --o dia em que a mulher do protagonista morre (11/05) e o apelido da atual namorada, Astrogrrl. Outros nomes e datas mudam. Diversas passagens do livro são contadas com a exatidão dos diálogos do livro. "São inúmeras as obras feitas a partir de outras obras", diz Hirsch. "Lembro de Leminski dizendo na década de 80: 'Vou te mostrar com quantas obras se faz um original'." A apropriação do diretor, no entanto, parece não ter agradado quem detém os direitos do livro de Sheffield. Procurados pela Folha, a "Rolling Stone" e o autor afirmaram não saber da existência da peça e disseram que vão acionar os advogados da editora sobre o caso. Alcir Pécora, professor de teoria literária da Unicamp, diz que "é válido se inspirar em um modelo geral de construção. No entanto, se há uma cópia daquilo que é particular ou individual, é pirataria". Para Pécora, "quando há uma matriz muito definida para uma obra, cabe referência explícita". Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Lei deveria seguir 'novos tempos', diz Felipe Hirsch Índice | Comunicar Erros |
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