Programação de hoje tem o norueguês "Sniffer" e o argentino "Ge & Zeta"

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A programação de hoje do Festival Internacional de Curtas destaca dois filmes premiados em Cannes: o norueguês "Sniffer", de Bobbie Peers, e o argentino "Ge & Zeta", de Gustavo Riet. Ambos ressaltam a busca pela liberdade.
Em "Sniffer", os homens vivem numa linha tênue entre a repressão e a liberdade, mas parecem preferir a primeira opção. Logo percebemos que se trata de uma sociedade nada amigável: afinal, que mundo é esse que reprime a capacidade de voar de seus habitantes?
São todos gordinhos e carecas, vestindo roupas claras e com pesadas botas que os impedem de sair voando por aí. Na hora de dormir, apertam um cinto de segurança embutido na cama. Estão todos presos.
À oposição leveza/ar - peso/ terra, vem a constatação de que não há individualidade. Todos parecem viver como máquinas. Afinal, trata-se de um sonho?
Ou será que "Sniffer" sugere que todos sabemos voar, mas já esquecemos desta capacidade?
Já "Ge & Zeta", do uruguaio Gustavo Riet, recebeu o Prêmio Cinéfondation, dedicado a cineastas universitários. Riet opta por um ambiente ainda mais opressivo, que logo remete às prisões das ditaduras latino-americanas. No curta, vemos a relação entre um preso e seu carcereiro. Como única forma de sobrevivência para a sanidade mental de ambos, optam pela imaginação. O preso começa, então, a escrever uma história para a filha do carcereiro e cenas de animação se intercalam com imagens do cárcere.