São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 2006

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Crítica

Vingança move história de "À Queima-Roupa"

CRÍTICO DA FOLHA

Todos sabemos que as imagens mudam. Mas -eis o que angustia- para onde nos levam ao mudar? No filme clássico, lembra Gilles Deleuze, o sonho americano é um horizonte, algo por vir. No moderno (a partir dos anos 1940), a decepção.
O cinema americano moderno é organizado em torno da figura de Caim, o traidor. Ele está nos filmes de Nicholas Ray, de Fuller, de Kazan. E permanece ao longo do tempo.
Em "À Queima-Roupa" (Turner Classic Movies, 22h), de John Boorman, Lee Marvin interpreta o criminoso deixado à míngua por um comparsa. Ao contrário do que se poderia esperar, ele sobrevive. E, se sobrevive, é claro que é para se vingar.
Talvez Lee Marvin nunca tenha sido melhor do que aqui, na figura do homem obsessivo, violento, implacável. Mais do que isso: de um homem destruído pela traição.
Pois ele poderia suportar tudo, menos a traição. Nesse momento (estamos no ano de 1967), o sonho americano é uma perfeita ruína. (INÁCIO ARAUJO)

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