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Espectador prefere filme dublado
Tendência não é exclusiva do Brasil, mas dado deve ser visto "com cuidado", diz presidente do Sindicato dos Distribuidores
Com perfil do consumidor de cinema no país, pesquisa revela que 45% dos frequentadores escolhem o filme pela leitura de jornais
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Fã dos filmes de Hollywood
(72% os acham ótimos ou
bons), o espectador brasileiro
prefere assistir a cópias dubladas (56% dos freqüentadores)
do que legendadas (37% dos
freqüentadores) no cinema.
No entanto, a maneira como
o espectador mais gosta de ver
filmes é em DVD (44%). Quando sai de casa para ir ao cinema,
já sabe que título irá ver (68%).
Escolhe pela leitura de jornais
(45%), segundo o tema dos filmes (38%). Prioriza os mais comentados, não necessariamente os mais cotados pela crítica.
No caso dos longas americanos, prefere os de ação (43%).
Entre os brasileiros, aprecia
mais as comédias (37%) -gênero de produção escassa.
Perfil
O perfil do freqüentador brasileiro de cinema foi traçado
em pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Distribuidores
do Rio de Janeiro ao instituto
Datafolha, que ouviu 2.120 pessoas em dez cidades brasileiras
no fim do ano passado.
Em abril deste ano, a pesquisa foi aprofundada com um
grupo de consumidores, na
chamada fase qualitativa.
O presidente do sindicato,
Jorge Peregrino, divulgou os
principais dados revelados pela
pesquisa, anteontem, em São
Paulo. A íntegra (377 páginas)
está disponível no site da entidade (www.sedcmrj.com.br).
A pesquisa faz distinção entre o espectador habitual,
aquele que vai ao cinema pelo
menos uma vez a cada 15 dias, o
médio (ao menos uma vez a cada três meses) e o eventual (ao
menos uma vez por ano).
A preferência pela dublagem
se concentra entre os espectadores médio (57%) e eventual
(69%). Entre o público mais
freqüente, há um empate técnico -46% preferem dublados,
e 47%, legendados.
Peregrino observa que a tendência ao consumo de filmes
dublados não se verifica apenas
no Brasil. Responsável pelas
operações da Paramount em
toda a América Latina, ele diz
que "no México, a empresa já
mudou um pouco o perfil dos
lançamentos, porque parte da
população prefere isso".
No Brasil, o executivo afirma
ainda não saber "se esse é um
caminho a seguir". O dado
"tem que ser visto com muito
cuidado. É coisa de sensibilidade. Depende do tipo de filme",
diz, citando que "a Paramount
já teve casos em que errou".
O erro foi "ter dublado filmes
que não deveríamos dublar ou
ter dublado com mais cópias do
que deveríamos".
No Congresso Nacional tramita um projeto para tornar
obrigatória a dublagem de filmes estrangeiros no país.
Embora interessados em
atender aos desejos do espectador, para ampliar a freqüência
aos cinemas no Brasil -que está em queda- os distribuidores
são contra a obrigatoriedade.
Diversidade
Rodrigo Saturnino Braga, da
Columbia, acha que a medida
seria contraproducente para a
diversidade da oferta. "O custo
financeiro não compensaria o
lançamento de filmes alternativos, com poucas cópias e sem o
custo da dublagem previsto para a etapa do DVD. Há o risco de
que eles deixem de ser lançados", afirma.
Em relação aos filmes brasileiros (obviamente dispensados da necessidade da dublagem), a expectativa dos distribuidores é que a pesquisa ajude
a redirecionar a discussão sobre sua atual crise de público
-6,9% do acumulado no ano.
"As pessoas têm de usar a
pesquisa para saber o que estão
fazendo. Ali existem pontos suficientes para guiá-las", diz Peregrino, para quem o debate sobre a queda de público do filme
nacional "continua se concentrando nos pontos que não são
importantes".
A pesquisa identificou o que
desagrada os espectadores que
afirmaram não gostar da produção nacional: o tema dos filmes foi a resposta de 80% dos
freqüentadores de cinema.
A segunda resposta mais freqüente (32%) aponta que "os
filmes são pornográficos, com
baixarias, palavrões, vocabulário vulgar"; 20% acham que "os
temas/roteiros não têm conteúdo, começo, meio e fim".
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