São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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Crítica/"U2 3D"

Tecnologia de filme escancara detalhes de shows do U2

Mesmo com o efeito do 3D, interesse é reduzido por ser apenas registro de apresentações ao vivo da banda

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A mão de Bono treme durante uma nota mais longa. Veias saltam dos braços do baterista Larry Mullen Jr. Imperceptíveis a olho nu, os pequenos detalhes são escancarados em "U2 3D", filme que persegue a banda irlandesa em vários shows de turnês sul-americana e mexicana.
Aposta da indústria cinematográfica para tentar conter a pirataria, o formato 3D é utilizado com sucesso pelo grupo para criar uma sensação inédita de um concerto de rock visto na telona.
É o sonho de qualquer fã do U2: ter Bono, durante um show, tão perto que dá quase para apertar seu nariz ou roubar seus óculos. Lançado no início do ano nos Estados Unidos, o filme estréia hoje nos cinemas brasileiros.
"U2 3D" traz imagens de apresentações no Brasil (estádio do Morumbi), na Argentina, no Chile e no México -além disso, algumas cenas de público foram captadas em Melbourne (Austrália).
Os shows fizeram parte da turnê Vertigo, que rodou o mundo em 2006.
No palco, Bono, The Edge (guitarrista), Adam Clayton (baixista) e Larry Mullen Jr. tocavam mais de 20 canções -para o filme, foram escolhidas 14 músicas, como "Vertigo", "New Year's Day", "Sunday Bloody Sunday", "Pride (In the Name of Love") e "Where the Streets Have No Name".
Mais de cem horas de shows foram filmadas. Na edição final, entraram 85 minutos de fita.
A intenção dos diretores Catherine Owens e Mark Pellington era conduzir o espectador a um estado de imersão -e foram bem-sucedidos. Se armaram com uma tecnologia nova criada pela empresa norte-americana 3ality Digital.
Câmeras são colocadas na parte de trás do palco, na parte da frente, nos lados, em cima, embaixo... A sensação é a de estarmos flutuando pelo cenário.
Quando Bono estica os braços, parece que ele alcança até o pipoqueiro do lado de fora do cinema.
O som é tão nítido que chega a assustar -percebe-se cada estalada das cordas da guitarra, a respiração de Bono pulsa forte.

Cinema?
Mas todo o aparato tecnológico não esconde o fato de "U2 3D" ser, no final das contas, apenas um show (ou vários shows) do U2.
Não há entrevistas, não há nenhum apêndice -é música atrás de música.
Mesmo com as múltiplas câmeras que sobrevoam os palcos, mesmo com os ângulos inusitados, mesmo com toda a energia da banda e com a proximidade virtual com os ídolos, o interesse de "U2 3D" é reduzido -serve com sucesso aos fãs da banda.
Não é cinema e, talvez mais importante, está longe de substituir a experiência de ver a banda ao vivo, como afirmaram alguns entusiasmados críticos norte-americanos.


U2 3D
Produção: EUA, 2007
Direção: Catherine Owens, Mark Pellington
Onde: estréia hoje nos cines Bristol, Eldorado e circuito
Classificação indicativa: livre Avaliação: regular



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