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Crítica/"U2 3D"
Tecnologia de filme escancara detalhes de shows do U2
Mesmo com o efeito do 3D, interesse é reduzido por ser apenas registro de apresentações ao vivo da banda
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A mão de Bono treme durante uma nota mais
longa. Veias saltam dos
braços do baterista Larry Mullen Jr. Imperceptíveis a olho
nu, os pequenos detalhes são
escancarados em "U2 3D", filme que persegue a banda irlandesa em vários shows de turnês
sul-americana e mexicana.
Aposta da indústria cinematográfica para tentar conter a
pirataria, o formato 3D é utilizado com sucesso pelo grupo
para criar uma sensação inédita de um concerto de rock visto
na telona.
É o sonho de qualquer fã do
U2: ter Bono, durante um
show, tão perto que dá quase
para apertar seu nariz ou roubar seus óculos. Lançado no
início do ano nos Estados Unidos, o filme estréia hoje nos cinemas brasileiros.
"U2 3D" traz imagens de
apresentações no Brasil (estádio do Morumbi), na Argentina, no Chile e no México -além
disso, algumas cenas de público
foram captadas em Melbourne
(Austrália).
Os shows fizeram parte da
turnê Vertigo, que rodou o
mundo em 2006.
No palco, Bono, The Edge
(guitarrista), Adam Clayton
(baixista) e Larry Mullen Jr. tocavam mais de 20 canções -para o filme, foram escolhidas 14
músicas, como "Vertigo", "New
Year's Day", "Sunday Bloody
Sunday", "Pride (In the Name
of Love") e "Where the Streets
Have No Name".
Mais de cem horas de shows
foram filmadas. Na edição final,
entraram 85 minutos de fita.
A intenção dos diretores Catherine Owens e Mark Pellington era conduzir o espectador a
um estado de imersão -e foram bem-sucedidos. Se armaram com uma tecnologia nova
criada pela empresa norte-americana 3ality Digital.
Câmeras são colocadas na
parte de trás do palco, na parte
da frente, nos lados, em cima,
embaixo... A sensação é a de estarmos flutuando pelo cenário.
Quando Bono estica os braços,
parece que ele alcança até o pipoqueiro do lado de fora do cinema.
O som é tão nítido que chega
a assustar -percebe-se cada estalada das cordas da guitarra, a
respiração de Bono pulsa forte.
Cinema?
Mas todo o aparato tecnológico não esconde o fato de "U2
3D" ser, no final das contas,
apenas um show (ou vários
shows) do U2.
Não há entrevistas, não há
nenhum apêndice -é música
atrás de música.
Mesmo com as múltiplas câmeras que sobrevoam os palcos, mesmo com os ângulos
inusitados, mesmo com toda a
energia da banda e com a proximidade virtual com os ídolos, o
interesse de "U2 3D" é reduzido -serve com sucesso aos fãs
da banda.
Não é cinema e, talvez mais
importante, está longe de substituir a experiência de ver a
banda ao vivo, como afirmaram
alguns entusiasmados críticos
norte-americanos.
U2 3D
Produção: EUA, 2007
Direção: Catherine Owens, Mark Pellington
Onde: estréia hoje nos cines Bristol,
Eldorado e circuito
Classificação indicativa: livre
Avaliação: regular
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