Ao tomar posse, Juca Ferreira defende que recursos sejam destinados à cultura

Na transmissão do cargo, Lula chama Gil de "sempre-ministro" e diz que era normal ele fazer "um showzinho" enquanto comandava a pasta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, defendeu ontem que recursos oriundos da exploração de petróleo e gás da camada pré-sal sejam destinados para a área da cultura.
"Esse dinheiro do pré-sal, 1%, que é uma quantidade reduzida, comparando com o total que será gerado, pode financiar o desenvolvimento cultural", afirmou, em entrevista após cerimônia de posse, no Palácio do Planalto.
Ele declarou que irá fazer o "debate" sobre essa possibilidade, mas afirmou que o principal será bater nas portas da Câmara e do Senado por mais verbas para a cultura. Em 2007, 0,5% do Orçamento da União foi destinado à pasta, um montante de R$ 836 milhões, segundo dados do ministério.

Recuo
Ferreira recuou no anúncio de que enviaria ao Congresso projeto de lei com mudanças significativas na Lei Rouanet no dia seguinte à sua posse. Disse que, primeiro, vai "botar o projeto na rua". Só deve enviá-lo ao Congresso após outubro.
"O Congresso está de recesso. Então, vou aproveitar o tempo que ganho até o segundo turno das eleições para poder discutir com os artistas, com os produtores. Nós ainda não terminamos a conversa com o Ministério da Fazenda", afirmou.
O sucessor de Gilberto Gil tomou posse ontem, no Palácio do Planalto. Ferreira entrou no ministério em 2003, como secretário-executivo. Desde que Gil entregou o cargo para se dedicar exclusivamente à carreira, no último dia 30/7, Ferreira ocupou o lugar, como interino.
Bem-humorado, o presidente Lula disse, em seu discurso no Planalto, que Gilberto Gil iria quebrar o protocolo e se pronunciar, já que ele poderia até "cantar" para o público.
Os discursos de ministros nessas ocasiões costumam ser feitos durante a transmissão de cargo, que ocorreu na sede da Funarte, e não na solenidade de posse, realizada no Planalto, em seguida.
Lula elogiou Gil e disse que era "normal" que ele fizesse "um showzinho" nos fins de semana, pois o salário de ministro era de cerca de R$ 10 mil. O presidente chamou o músico "de ex-ministro, sempre-ministro". Gil, por sua vez, disse que tinha "gratidão profunda" pelo presidente e por sua equipe. O baiano salientou sua amizade com o presidente e a continuidade no projeto do ministério, nas mãos de Ferreira.


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