São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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Livro traz textos de ombudsman da "FT"

"70 Lições de Jornalismo" reúne colunas semanais do jornalista Roberto Hirao Atual secretário-adjunto de Redação do "Agora" fez a crítica interna da "Folha da Tarde" de 92 a 94, analisando casos como o da Escola Base DA REPORTAGEM LOCAL "Uma, duas, três vaias", dizia a manchete da "Folha da Tarde" de 8 de setembro de 1992, sobre as manifestações contra o presidente Collor no Dia da Independência. Junto a uma foto do primeiro-casal, aparecia outra de uma bailarina com os seios de fora, em protesto. Leitores escreveram para reclamar. A imagem era "grossa, posada, obscena". Em sua coluna, o jornalista Roberto Hirao questionou: "Afinal, onde está a obscenidade? Nos seios da moça ou nas intrigas palacianas?".
Aquele era o primeiro ano de Hirao como ombudsman da "Folha da Tarde", jornal diário que antedeceu o "Agora São Paulo", lançado em 1999. Mesmo na Folha, a figura do intermediário entre o jornal e o público existia havia apenas três anos. O leitores da "FT" não faziam ideia do que era o tal "departamento de ombudsman".
Ligavam inclusive para denunciar falta d'água. Era preciso encontrar o tom certo.
O resultado desse atento exercício de crítica e didatismo pode ser verificado agora em "70 Lições de Jornalismo", seleção de 70 colunas do ombudsman da "FT" de 92 a 94. O título será lançado hoje, às 11h, na Livraria Cultura, em SP.
"Na época, não pensava que poderia render um livro. Mas um dia pedi no Banco de Dados uma pesquisa das colunas e percebi que abordavam um período muito rico", diz Hirao, 65, hoje secretário-adjunto de Redação do "Agora".
De fato, enquanto ele fazia a crítica interna do jornal e assinava a coluna, que saía às segundas, o país presenciou o impeachment de Collor, o assassinato de PC Farias, o massacre no Carandiru e o caso da Escola Base -que virou sinônimo dos perigos do jornalismo.
Como a "FT" era "direcionada à classe C, local, e fazia muita reportagem sobre buracos de rua", conforme lembra Hirao, não raro temas da cidade figuravam nas colunas. A maior parte dos textos selecionados, no entanto, abordam assuntos de repercussão nacional, com análises do papel da imprensa e questionamentos éticos.
O jornalista afirma que buscou, antes de tudo, ser "intuitivo" -uma característica que ele percebeu como qualidade jornalística logo no início da carreira, nos anos 60, ao trabalhar com Samuel Wainer (1912-80) no "Última Hora". (RAQUEL COZER)


70 LIÇÕES DE JORNALISMO

Autor: Roberto Hirao
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 29,90 (216 págs.)
Lançamento: hoje, às 11h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073, tel. 0/xx/11/3170-4033)




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