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Crítica/série
"Amor Imenso" põe em xeque os limites da família nuclear
Seriado exibe os últimos quatro episódios da terceira temporada no canal HBO
TONY GOES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
P
ara que um homem iria
querer mais de uma esposa? Amantes, vá lá,
mas esposas? Com todas as responsabilidades e aporrinhações que isso acarreta? A poligamia parece exótica aos nossos olhos -e muito pouco prática. Afinal, quem tem paciência para mais de uma sogra?
Bill Henrickson tem. O personagem central da série
"Amor Imenso" nasceu dentro
de uma comunidade fundamentalista mórmon, numa família "plural" -um marido e
várias mulheres.
Hoje mora na cidade e leva
uma vida aparentemente banal. Mas, fiel a sua fé, tenta seguir o "Princípio", que determina que todo homem deve se casar com o maior número de
mulheres possível e ter muitos,
mas muitos filhos mesmo, tudo
para maior glória de Deus. Bill
já conta três esposas e sete filhos e ainda acha pouco. Por
mais Viagra que isso lhe custe.
"Amor Imenso" está indicada ao Emmy de melhor série
dramática, e drama é o que não
falta. O mais óbvio se dá entre
as esposas: apesar de se tratarem por irmãs, Barb, Nicki e
Margene -respectivamente na
casa dos 40, 30 e 20 anos- disputam sem parar as atenções
do marido e a primazia no lar.
Outro conflito importante
acontece entre a família e o resto do mundo, pois poligamia é
crime. Até as crianças pequenas logo aprendem mil truques
para preservar o segredo.
Além disto, o filho mais velho
de Bill sente atração pela esposa mais jovem de seu pai, quase
de sua faixa etária, enquanto
que sua irmã luta contra uma
gravidez indesejada.
Já chega? Não: a maior ameaça a esse frágil equilíbrio vem
de Roman Grant, o líder messiânico da comunidade fundamentalista e sogro de Bill (é o
pai de Nicki), manipulador e
inescrupuloso.
A terceira temporada, atualmente no ar pela HBO, começa
com o julgamento de Roman,
acusado de corrupção de menores: as moças da comunidade
são obrigadas a se casarem cedo
com os patriarcas, numa espécie de tráfego de mulheres
abençoado pelos anjos.
"Amor Imenso" abre uma janela para uma realidade paralela, em que as regras são outras.
O programa discute até que
ponto um grupo de pessoas pode ser considerado uma família
e qual a natureza dos laços que
as unem.
Talvez não por acaso, foi criada por um casal de roteiristas
gays, Mark V. Olsen e Will
Scheffer. E um de seus principais escritores é Dustin Lance
Black, defensor do casamento
entre homossexuais e premiado com o Oscar pelo roteiro de
"Milk - A Voz da Igualdade".
Faltam poucos episódios para terminar esta temporada no
Brasil (apenas quatro) e, para
um iniciante, pode ser difícil se
inteirar da teia de alianças e
mentiras que enrosca os protagonistas. Mas vale a pena, porque a série vai muito além do
folhetim barato. O que a torna
tão crível, e tão interessante, é
que, como promete o título,
existe mesmo muito amor entre esses personagens.
AMOR IMENSO
Quando: hoje, às 22h45; segundas, à
0h10, e quintas, às 21h, na HBO
Classificação: não indicado a menores
de 18 anos
Avaliação: ótimo
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