São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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Crítica/série

"Amor Imenso" põe em xeque os limites da família nuclear

Seriado exibe os últimos quatro episódios da terceira temporada no canal HBO

TONY GOES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

P ara que um homem iria querer mais de uma esposa? Amantes, vá lá, mas esposas? Com todas as responsabilidades e aporrinhações que isso acarreta? A poligamia parece exótica aos nossos olhos -e muito pouco prática. Afinal, quem tem paciência para mais de uma sogra?
Bill Henrickson tem. O personagem central da série "Amor Imenso" nasceu dentro de uma comunidade fundamentalista mórmon, numa família "plural" -um marido e várias mulheres.
Hoje mora na cidade e leva uma vida aparentemente banal. Mas, fiel a sua fé, tenta seguir o "Princípio", que determina que todo homem deve se casar com o maior número de mulheres possível e ter muitos, mas muitos filhos mesmo, tudo para maior glória de Deus. Bill já conta três esposas e sete filhos e ainda acha pouco. Por mais Viagra que isso lhe custe.
"Amor Imenso" está indicada ao Emmy de melhor série dramática, e drama é o que não falta. O mais óbvio se dá entre as esposas: apesar de se tratarem por irmãs, Barb, Nicki e Margene -respectivamente na casa dos 40, 30 e 20 anos- disputam sem parar as atenções do marido e a primazia no lar.
Outro conflito importante acontece entre a família e o resto do mundo, pois poligamia é crime. Até as crianças pequenas logo aprendem mil truques para preservar o segredo.
Além disto, o filho mais velho de Bill sente atração pela esposa mais jovem de seu pai, quase de sua faixa etária, enquanto que sua irmã luta contra uma gravidez indesejada.
Já chega? Não: a maior ameaça a esse frágil equilíbrio vem de Roman Grant, o líder messiânico da comunidade fundamentalista e sogro de Bill (é o pai de Nicki), manipulador e inescrupuloso.
A terceira temporada, atualmente no ar pela HBO, começa com o julgamento de Roman, acusado de corrupção de menores: as moças da comunidade são obrigadas a se casarem cedo com os patriarcas, numa espécie de tráfego de mulheres abençoado pelos anjos.
"Amor Imenso" abre uma janela para uma realidade paralela, em que as regras são outras.
O programa discute até que ponto um grupo de pessoas pode ser considerado uma família e qual a natureza dos laços que as unem.
Talvez não por acaso, foi criada por um casal de roteiristas gays, Mark V. Olsen e Will Scheffer. E um de seus principais escritores é Dustin Lance Black, defensor do casamento entre homossexuais e premiado com o Oscar pelo roteiro de "Milk - A Voz da Igualdade".
Faltam poucos episódios para terminar esta temporada no Brasil (apenas quatro) e, para um iniciante, pode ser difícil se inteirar da teia de alianças e mentiras que enrosca os protagonistas. Mas vale a pena, porque a série vai muito além do folhetim barato. O que a torna tão crível, e tão interessante, é que, como promete o título, existe mesmo muito amor entre esses personagens.


AMOR IMENSO

Quando: hoje, às 22h45; segundas, à 0h10, e quintas, às 21h, na HBO
Classificação: não indicado a menores de 18 anos
Avaliação: ótimo




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