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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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LITERATURA

García Lorca é reconstruído como símbolo

ROGÉRIO EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que normalmente ocorre com os documentários sobre literatura, pouco se fala da obra de Federico García Lorca (1898-1936) em "Lorca, Assim Passem Cem Anos", que o Eurochannel exibe hoje.
A tentativa de traçar as linhas principais da personalidade de Lorca domina os depoimentos numa reconstrução do escritor como símbolo da modernização e da razão, contra as quais o franquismo usou toda a sua força.
Amigos, vizinhos e conhecidos, exaltam a atitude sempre sorridente e elegante do autor de "Romancero Gitano", que recorria às raízes folclóricas da Espanha andaluza em sua literatura.
No povoado de Fuentevaqueros, em Granada, era inspiradora, segundo as testemunhas, a música "com alma" que o poeta tirava de seu piano caseiro.
Centro de peregrinação de escritores como Salman Rushdie, como conta o responsável atual pela casa, por lá passaram, na infância e juventude do poeta, nomes mais tarde conhecidos, como o do compositor Manuel de Falla.
Mas foi em sua estada como estudante em Madri que passou a conviver com artistas fundamentais, como Salvador Dalí e Luis Buñuel, que influenciaram seu trabalho. Apesar de Lorca insistir que nunca pertenceu a escolas literárias, fazia uso de imagens surrealistas em alguns de seus textos.
Alinhando-se ao caráter irrequieto e consciente do momento político espanhol, surgem imagens do Lorca ator mambembe, atuando na companhia "La Barraca", que armava sua tenda em praças públicas para encenar nomes consagrados, como Calderón de la Barca e Lope de Vega.
Numa apresentação, uma pedrada quase atinge o poeta. Uma premonição do fuzilamento ordenado pelos nacionalistas anos mais tarde? Lorca morreu em 1936 como vítima da Guerra Civil Espanhola (1936-39) e símbolo da modernização indesejada.


LORCA, ASSIM PASSEM CEM ANOS. Quando: hoje, às 15h, e amanhã, às 9h, no Eurochannel.


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