São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Paula Lima volta sem excessos em seu 3º CD solo

A cantora aposta num repertório de sambas e canções pop, com composições de Zélia Duncan, Leci Brandão e outros

No disco "Sinceramente", ela abandona malabarismos vocais, resultado de não ter mais que demonstrar o seu alcance "o tempo inteiro"


DA REPORTAGEM LOCAL

Paula Lima estreou carreira solo em 2001, com um disco vibrante em que tentava sintetizar as experiências que acumulara na convivência com as turmas do hip hop, funk, soul e samba-rock.
Natural que, no segundo álbum, lançado dois anos depois pela "major" Universal, ela estivesse exuberante. Mas não foi isso o que ocorreu. O CD era uma equivocada mistura de diversas vertentes da black music, com a intenção de agradar a todos -satisfazendo a poucos.
A experiência meio desastrada acabou tendo valor. Resultou numa Paula Lima mais madura, focada e "serena", que ressurge inspirada no recém-lançado CD "Sinceramente". O primeiro acerto foi o de fazer um disco principalmente de sambas. "Voltei para o samba, que é uma coisa que nasci ouvindo, que não está na minha vida por acidente", acredita Paula, hoje com 35 anos.
"Acho que consegui dar uma unidade brasileira, do samba, ao disco inteiro. Mesmo nas músicas pop, ele está presente na cuíca, no tamborim distorcido ou na tamburica", diz ela. "Por outro lado, nos sambas, coloquei elementos contemporâneos, como o [órgão] Hammond, o piano Rhodes, a guitarra distorcida e dobrada, o baixo acústico e até alguns vocais que não se ouve nesse estilo."

Vozeirão
Independentemente de atualizações, o que importa é que a voz da cantora caiu bem interpretando sambas como "Flor de Maracujá", de João Donatto e Lysias Eno, "Tirou Onda", de Arlindo Cruz, Maurição e Acyr Marques, e "Já Pedi pra Você Parar", de Cruz e Babi.
A escolha do repertório, que se completa com canções pop românticas -algumas desnecessárias-, inclui parcerias de Zélia Duncan, Mart'nália e Ana Costa, Seu Jorge e Tattá Spalla e Ana Carolina e Totonho.
"Todas essas músicas refletem o que estou sentindo, o que acredito. Só sei falar de relacionamento se for de uma maneira bem-humorada, não me dou bem com drama nem com sofrimento", fala Paula. "Ao mesmo tempo, pela primeira vez, consegui falar de uma maneira mais "social", através de "Saudações", da Leci Brandão."
A característica mais marcante, no entanto, é a voz de Paula, que aparece mais contida, sem aqueles exageros que as cantoras costumam cometer para mostrar seus dotes vocais. Isso, segundo ela, se deve ao fato de estar mais "serena".
"Não tenho mais aquela excitação vocal que tive no primeiro [CD], de o tempo inteiro ter que mostrar todo o meu potencial, até a última nota que alcanço", explica. "Quis me despir de vocalizes, que ainda curto fazer nos shows. Busquei o que as letras pediam. Me coloquei como intérprete." Despida de excessos, inclusive em seu visual, Paula Lima dá mostras de que, com alguns acertos no repertório, os próximos CDs deverão ser ainda melhores. (ADRIANA FERREIRA SILVA)

SINCERAMENTE    
Artista: Paula Lima
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 30, em média


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