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Paula Lima volta sem excessos em seu 3º CD solo
A cantora aposta num repertório de sambas e canções pop, com composições de Zélia Duncan, Leci Brandão e outros
No disco "Sinceramente", ela abandona malabarismos vocais, resultado de não ter mais que demonstrar o seu alcance "o tempo inteiro"
DA REPORTAGEM LOCAL
Paula Lima estreou carreira solo em 2001, com
um disco vibrante em
que tentava sintetizar as experiências que acumulara na convivência com as turmas do hip
hop, funk, soul e samba-rock.
Natural que, no segundo álbum, lançado dois anos depois
pela "major" Universal, ela estivesse exuberante. Mas não foi
isso o que ocorreu. O CD era
uma equivocada mistura de diversas vertentes da black music, com a intenção de agradar a
todos -satisfazendo a poucos.
A experiência meio desastrada acabou tendo valor. Resultou numa Paula Lima mais madura, focada e "serena", que
ressurge inspirada no recém-lançado CD "Sinceramente".
O primeiro acerto foi o de fazer um disco principalmente de
sambas. "Voltei para o samba,
que é uma coisa que nasci ouvindo, que não está na minha
vida por acidente", acredita
Paula, hoje com 35 anos.
"Acho que consegui dar uma
unidade brasileira, do samba,
ao disco inteiro. Mesmo nas
músicas pop, ele está presente
na cuíca, no tamborim distorcido ou na tamburica", diz ela.
"Por outro lado, nos sambas,
coloquei elementos contemporâneos, como o [órgão] Hammond, o piano Rhodes, a guitarra distorcida e dobrada, o baixo
acústico e até alguns vocais que
não se ouve nesse estilo."
Vozeirão
Independentemente de
atualizações, o que importa é
que a voz da cantora caiu bem
interpretando sambas como
"Flor de Maracujá", de João
Donatto e Lysias Eno, "Tirou
Onda", de Arlindo Cruz, Maurição e Acyr Marques, e "Já Pedi
pra Você Parar", de Cruz e Babi.
A escolha do repertório, que
se completa com canções pop
românticas -algumas desnecessárias-, inclui parcerias de
Zélia Duncan, Mart'nália e Ana
Costa, Seu Jorge e Tattá Spalla
e Ana Carolina e Totonho.
"Todas essas músicas refletem o que estou sentindo, o que
acredito. Só sei falar de relacionamento se for de uma maneira
bem-humorada, não me dou
bem com drama nem com sofrimento", fala Paula. "Ao mesmo tempo, pela primeira vez,
consegui falar de uma maneira
mais "social", através de "Saudações", da Leci Brandão."
A característica mais marcante, no entanto, é a voz de
Paula, que aparece mais contida, sem aqueles exageros que as
cantoras costumam cometer
para mostrar seus dotes vocais.
Isso, segundo ela, se deve ao fato de estar mais "serena".
"Não tenho mais aquela excitação vocal que tive no primeiro [CD], de o tempo inteiro ter
que mostrar todo o meu potencial, até a última nota que alcanço", explica. "Quis me despir de vocalizes, que ainda curto fazer nos shows. Busquei o
que as letras pediam. Me coloquei como intérprete."
Despida de excessos, inclusive em seu visual, Paula Lima dá
mostras de que, com alguns
acertos no repertório, os próximos CDs deverão ser ainda melhores.
(ADRIANA FERREIRA SILVA)
SINCERAMENTE
Artista: Paula Lima
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 30, em média
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