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Mauricio Pereira canta crônicas de SP
Músico apresenta canções do álbum "Pra Marte", inspiradas na cidade, em shows hoje e amanhã no Sesc Pompéia
Disco traz gêneros como samba, pop-rock e música caipira; Pereira prevê volta da banda Os Mulheres Negras, com André Abujamra
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mauricio Pereira, 47, é um
cara diferente, das antigas. Mas
não apenas pelo fato de que,
nos anos 80, usava sobretudo e
chapéu-coco e tocava numa
banda chamada Os Mulheres
Negras. Seu negócio é sair andando a pé, por São Paulo,
alheio a carros, pressa ou medo
de assaltos. Das suas andanças,
acabou chegando ao seu quarto
disco, o bom "Pra Marte". Chegou também à Pompéia, onde
faz os shows de lançamento no
Sesc de lá, hoje e amanhã.
Seu novo trabalho é um mergulho na cidade e no Estado de
São Paulo. "Sou paulistano da
gema", diz o músico. As canções são reflexo das idéias que
Pereira vai captando enquanto
caminha, entrando em lojas de
bugigangas, padarias etc. (veja
roteiro de Pereira nesta página)
"É a coisa mais normal do
mundo para alguém como eu,
que cresceu numa metrópole,
ouvindo rádio e vendo TV durante os anos 60 e 70, misturar
estilos. Eu ouvia tudo: Lindomar Castilho, Gonzagão, Elvis
Presley, Beatles."
"Pra Marte" traz desde sambinha triste (a faixa-título) a
música caipira ("O Dourado") e
pop-rock com leve aceno ao rap
("Motoboys, Girassóis, etc. e
Tal"). "Não quero fazer papel
de turista, ser quem eu não sou.
Faço do meu jeito. Quando toco
um samba, é com violão de aço
no lugar do cavaquinho. Quem
toca o pandeiro é o Skowa, que
é um músico que vem do funk."
Pereira conta que dois fatos
lhe deixaram mais paulistano e,
portanto, mais inspirado. Certa
vez, foi rejeitado em um festival
de música em Montreal (Canadá). "Não me acharam muito
brasileiro." Depois, teve um estalo quando viajou a Recife.
"Foi lá que caiu a ficha de por
que eu não sou "brasileiro demais". Quando você anda pelo
centro velho de Recife, repara
que lá tudo é mais antigo que
São Paulo. Em certo sentido, lá
é mais brasileiro. São Paulo é
nova, se compararmos."
Se as canções de "Pra Marte"
exalam um certo romantismo,
já que a declaração de amor é
clara, Pereira nega, diz que são
canções de amor, mas não ingênuas. Ele não desconhece o fato
de que a cidade, com todos os
seus problemas é, às vezes, um
lugar insuportável de se viver.
"No disco eu tento achar a
poesia onde você acha que ela
não existe, mostrar essa sensação de estar feliz e triste ao
mesmo tempo, de querer, nos
momentos difíceis, fugir daqui.
Mas é uma relação afetuosa, de
amor. Ainda estou tentando
desvendar o que é São Paulo",
diz o músico, que passou a infância na Vila Olímpia, nos
tempos em que tudo lá era um
"campo de várzea".
Entre os colaboradores do
disco, estão o fotógrafo Cristiano Mascaro (na imagem da capa) e Adélia Prado (Pereira musicou o poema "Pranto para Comover Jonathan"); na parte
musical, entre outros, André
Abujamra -seu parceiros no
Mulheres Negras. Sobre o antigo grupo, Pereira prevê algo novo para breve. Só não sabe direito o quê. "A gente trabalhava
sobre dois conceitos: ir até os limites da tecnologia e as multiinfluências musicais. Hoje, a
tecnologia não tem limites, e
qualquer garoto de 5 anos tem
acesso à música feita no Nepal.
O que a gente faria hoje?"
MAURICIO PEREIRA -
PRA MARTE
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pompéia - teatro (r. Clélia,
93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 4 a R$ 12
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