São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Mauricio Pereira canta crônicas de SP

Músico apresenta canções do álbum "Pra Marte", inspiradas na cidade, em shows hoje e amanhã no Sesc Pompéia

Disco traz gêneros como samba, pop-rock e música caipira; Pereira prevê volta da banda Os Mulheres Negras, com André Abujamra

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mauricio Pereira, 47, é um cara diferente, das antigas. Mas não apenas pelo fato de que, nos anos 80, usava sobretudo e chapéu-coco e tocava numa banda chamada Os Mulheres Negras. Seu negócio é sair andando a pé, por São Paulo, alheio a carros, pressa ou medo de assaltos. Das suas andanças, acabou chegando ao seu quarto disco, o bom "Pra Marte". Chegou também à Pompéia, onde faz os shows de lançamento no Sesc de lá, hoje e amanhã.
Seu novo trabalho é um mergulho na cidade e no Estado de São Paulo. "Sou paulistano da gema", diz o músico. As canções são reflexo das idéias que Pereira vai captando enquanto caminha, entrando em lojas de bugigangas, padarias etc. (veja roteiro de Pereira nesta página)
"É a coisa mais normal do mundo para alguém como eu, que cresceu numa metrópole, ouvindo rádio e vendo TV durante os anos 60 e 70, misturar estilos. Eu ouvia tudo: Lindomar Castilho, Gonzagão, Elvis Presley, Beatles."
"Pra Marte" traz desde sambinha triste (a faixa-título) a música caipira ("O Dourado") e pop-rock com leve aceno ao rap ("Motoboys, Girassóis, etc. e Tal"). "Não quero fazer papel de turista, ser quem eu não sou. Faço do meu jeito. Quando toco um samba, é com violão de aço no lugar do cavaquinho. Quem toca o pandeiro é o Skowa, que é um músico que vem do funk."
Pereira conta que dois fatos lhe deixaram mais paulistano e, portanto, mais inspirado. Certa vez, foi rejeitado em um festival de música em Montreal (Canadá). "Não me acharam muito brasileiro." Depois, teve um estalo quando viajou a Recife. "Foi lá que caiu a ficha de por que eu não sou "brasileiro demais". Quando você anda pelo centro velho de Recife, repara que lá tudo é mais antigo que São Paulo. Em certo sentido, lá é mais brasileiro. São Paulo é nova, se compararmos."
Se as canções de "Pra Marte" exalam um certo romantismo, já que a declaração de amor é clara, Pereira nega, diz que são canções de amor, mas não ingênuas. Ele não desconhece o fato de que a cidade, com todos os seus problemas é, às vezes, um lugar insuportável de se viver. "No disco eu tento achar a poesia onde você acha que ela não existe, mostrar essa sensação de estar feliz e triste ao mesmo tempo, de querer, nos momentos difíceis, fugir daqui. Mas é uma relação afetuosa, de amor. Ainda estou tentando desvendar o que é São Paulo", diz o músico, que passou a infância na Vila Olímpia, nos tempos em que tudo lá era um "campo de várzea".
Entre os colaboradores do disco, estão o fotógrafo Cristiano Mascaro (na imagem da capa) e Adélia Prado (Pereira musicou o poema "Pranto para Comover Jonathan"); na parte musical, entre outros, André Abujamra -seu parceiros no Mulheres Negras. Sobre o antigo grupo, Pereira prevê algo novo para breve. Só não sabe direito o quê. "A gente trabalhava sobre dois conceitos: ir até os limites da tecnologia e as multiinfluências musicais. Hoje, a tecnologia não tem limites, e qualquer garoto de 5 anos tem acesso à música feita no Nepal. O que a gente faria hoje?"


MAURICIO PEREIRA - PRA MARTE
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pompéia - teatro (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 4 a R$ 12



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