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Polanski pode ser solto sob fiança
Cineasta franco-polonês foi detido no sábado na Suíça por acusação de fazer sexo com menor nos EUA, em 1977
Escritório de advocacia suíço contratado por Polanski afirmou à Folha que não divulgará detalhes da estratégia a adotar
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Roman Polanski contratou
um advogado de Zurique para
recorrer do pedido de extradição feito pelos EUA ao governo
da Suíça, em um processo que
todas as partes preveem durar
meses. Discute-se agora que ele
seja solto sob fiança sob condição de não deixar o país.
O Ministério da Justiça suíço
afirmou em comunicado que
uma decisão sobre enviá-lo ou
não aos EUA só será tomada
após a formalização do pedido.
"É possível haver apelação contra a detenção e a decisão de extraditá-lo", diz o comunicado. A
decisão final cabe ao Supremo
Tribunal Federal.
O cineasta franco-polonês foi
preso ao chegar a Zurique no
sábado para o festival de cinema local, sob mandado internacional pedido pelos EUA em
2005 -ele é acusado de fazer
sexo com uma menor de idade
em 1977. O Ministério da Justiça suíço não revela onde o mantém, mas diz tratar-se de "detenção provisória pré-extradição" contra a qual cabe apelo.
Polanski questiona o momento da prisão, já que na última década tem ido com frequência à Suíça, onde tem casa.
O escritório de Lorenz Erni,
Eschmann & Erni, confirmou à
Folha por telefone que Polanski, 76, é agora seu cliente. Mas
afirmou que não divulgará detalhes da estratégia a adotar. A
firma, curiosamente, é uma das
recomendadas pelo Departamento de Estado dos EUA a cidadãos seus na Suíça.
Em entrevista à Rádio 4 da
BBC, Jeff Berg, agente do diretor dos premiados "O Pianista"
(2002) e "O Bebê de Rosemary"
(1968), afirmou que seu cliente
estava "surpreso, mas animado". "Sua voz está forte, ele está
ansioso para resolver isso logo
e voltar para casa."
"Casa" pode ser um conceito
amplo para Polanski. Há cerca
de "12 ou 15 anos", segundo
Berg, ele possui uma propriedade em Gstaad -um resort de
luxo na Suíça. "Ele vai para lá,
trabalha lá, sua presença ali é
bastante conhecida. Foi um
choque, considerando que ele
fora convidado para receber
um prêmio por sua carreira."
A lei de alguns cantões na
Suíça obriga quem declara residência no país a passar nele
parte do ano, para evitar que
endinheirados usem o local
apenas como "endereço fiscal"
para pagar menos impostos.
Polanski, segundo amigos seus
citados pela mídia inglesa, passou julho e agosto em Gstaad.
Intriga internacional
Mas é na França que Polanski vive de fato. O cineasta tem
dois filhos com a atriz Emanuelle Seigner, sua terceira mulher
-com quem está desde 1989 e a
quem dirigiu em "Lua de Fel"
(1992). Antes, fora casado com
a norte-americana Sharon Tate, morta por seguidores de
Charles Manson em 1969, e
com a polonesa Barbara Lass.
Paris, que não extradita seus
cidadãos, reagiu com veemência. O chanceler Bernard
Kouchner definiu como "meio
sinistro" o episódio. O presidente Nicolas Sarkozy acompanha o caso "de perto".
Há expectativa de que a secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton, vá a Berna tratar do tema. Ao contrário de Paris, Berna mantém acordo de
extradição com Washington.
Kouchner e seu colega polonês, Radek Sikorski, fariam um
apelo direto a ela. Cineastas e
artistas europeus, liderados pelo grego Constantin Costa-Gavras, exigem a soltura de Polanski em petição.
O diretor fez sexo com uma
adolescente de 13 anos, em Los
Angeles, em 1977. Após acordo,
a acusação mudou de "estupro"
para "sexo ilegal com menor",
mas Polanski fugiu do país.
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