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TELEVISÃO
Pornografia emplaca nos canais pagos
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
A partir de novembro, a Net,
maior rede brasileira de TV paga,
controlada pelas Organizações
Globo, com 1,7 milhão de assinantes, incluirá em sua programação
um canal de sexo explícito, o Sex
Hot. Igual decisão foi tomada pela
DirecTV, empresa de TV paga via
satélite do grupo Abril. Na semana
passada, ela anunciou o lançamento do canal Vênus, pelo sistema
pay-per-view.
As TVs foram apimentando gradualmente a programação até chegarem à pornografia explícita dos
filmes de motel. Tudo isso por solicitação dos assinantes, segundo
afirmam as emissoras.
Os distribuidores internacionais
dividem esse mercado em cinco
níveis, que vão do erotismo apenas
com simulação do ato sexual às
aberrações e crimes sexuais.
O nível 1 é identificado como
T&A ("tits" e "asses", ou tetas e
bundas), e seu exemplo mais famoso é o canal Playboy, que, por
sinal, passou a fazer parte do menu
de programação da Net, a partir de
segunda-feira da semana passada.
Segundo o diretor-geral da Globocabo, Moysés Pluciennik, os telefones da Net ficaram congestionados desde o lançamento. Em
três dias, foram feitos 4.000 pedidos de assinatura. Até 10 de outubro, a assinatura é gratuita para os
clientes do pacote Advanced. Os
demais pagarão R$ 9,90 por mês.
²
Sem a genitália
O segundo nível na escala pornô
são os filmes com atos sexuais
reais, mas as cenas são editadas.
Ou seja, não há exibição da genitália. Um exemplo é o Adultvision
produzido pelo grupo venezuelano Cisneros e pela Playboy Interprises, que já faz parte da programação da DirecTV.
Em geral, o assinante começa pelos filmes eróticos e, na medida em
que se acostuma às cenas, vai sentido necessidade de algo mais forte. "Os filmes eróticos não satisfazem a expectativa do assinante. Ele
quer mais", afirma Leila Loria, diretora-geral da DirecTV.
O "Sex Hot" e o "Vênus" já estão
no terceiro nível do ranking pornô,
e dificilmente as redes de TV paga,
que dependem de concessões do
governo, ultrapassariam esse nível. Ambos são formados por produção norte-americana e européia.
Os filmes mostram cenas de homossexualismo feminino, sexo
oral, anal e em grupo, sem cortes.
Para evitar que menores tenham
acesso à programação erótica, os
sinais são codificados, e cada usuário tem uma senha para desbloquear o canal.
No nível 4 da escala pornô estão
aberrações, como o sexo com animais. Inclui também a pedofilia,
que é crime.
No nível 5 estão filmes produzidos pela máfia japonesa a Yakuza e
comercializados apenas no mercado negro. Segundo o diretor da
GloboSat, Alberto Pecegueiro, que
descrevou o ranking para a Folha,
eles mostram cenas reais de estupro e de extirpação de membros.
Consumo Voraz
O brasileiro tem se mostrado um
consumidor voraz de filmes de sexo explícito, o que, para a indústria
da TV paga, significa uma fonte
considerável de dinheiro.
Para assistir a duas horas de filme no canal Vênus, o assinante terá que desembolsar R$ 6,50. A DirecTV avalia que, apesar do preço
alto (um filme comum custa R$
3,50), a procura será grande. " Esse
é o tipo do produto que os assinantes compram por impulso", diz
Loria, da DirecTV.
As estatísticas mostram que o
brasileiro não consegue controlar
seu impulso.O assinante da DirecTV nos Estados Unidos assiste,
em média, a 1,3 filmes pornô por
mês, pelo sistema "pay per view".
No Brasil, a média já chega a dois
filmes por mês.
"Os norte-americanos nos vêem
como os depravados da América
Latina", completa a diretora da DirecTV. Segundo ela, os países vizinhos são menos liberais. No Chile
e na Colômbia, por exemplo, as redes de TV a cabo se recusam a oferecer filmes pornô, pois consideram que iriam chocar seus assinantes.
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