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Killers fazem karaokê do festival
Quarteto norte-americano entra em comunhão com público em performance com cenário kitsch
Platéia acompanha em hits como "Somebody Told Me"; atriz e cantora Juliette Lewis abriu a noite com show de muita ação e pouca música
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Duas jovens amigas dão um
grito histérico, se abraçam e começam a pular juntas, com
uma expressão mista de felicidade e incredulidade: são os
primeiros acordes de "When
You Were Young" no ar. No
palco, seus ídolos: The Killers.
Primeira banda a esgotar os
ingressos na etapa carioca do
Tim Festival 2007, o Killers fez
um show empolgado para um
público idem, anteontem, na
última noite do evento, na Marina da Glória (zona sul).
As 4.000 pessoas que encheram a tenda principal fizeram o
maior karaokê do festival, cantando desde o início, com a dobradinha "Sam's Town"/"Enterlude", e levando o vocalista
Brandon Flowers a elogiar as
"belas vozes" da platéia.
No palco, um cenário inspirado no cassino que dá título ao
segundo disco da banda, "Sam's
Town" (2006): há um sinal luminoso dizendo "welcome" e
várias lampadinhas de árvore
de natal dando um ar kitsch.
No centro, à frente, um púlpito com o teclado de Flowers,
de onde o vocalista, vestido e
agindo como um mestre-de-cerimônias, rege a massa.
"Olá, irmãos e irmãs. Estamos muito empolgados por estar em seu belo país", diz.
A frase é clichê, mas a empolgação parecia genuína. A seqüência de abertura até o principal hit da banda, "Somebody
Told Me" (a quinta música), é
arrasadora. Flowers está cantando a plenos pulmões, comunicando-se com o público.
O ritmo inicial cai à medida
que o repertório entra nas músicas mais lentas, e o Killers faz
lembrar como pode ser chata a
orgia de sintetizadores à la anos
80. Mas, até o fim dos 80 minutos de show, outros hits ("Mr.
Brightside", "All These Things
I've Done") recarregariam a comunhão entre banda e fãs.
Imagem é tudo
Quem abriu o show para eles
foi a banda da atriz Juliette Lewis, que confirmou que sua especialidade é imagem, não som.
Usando um cocar com uma
pena, vestida com uma calça
preta de couro e uma blusa de
rendinha que deixava à vista
sua barriga, a cantora mostrou
desde o começo que não tinha
voz para acompanhar o rock rápido e alto de seu quarteto.
Mas ela sabe que, não conseguindo segurar no gogó, o negócio é compensar na empolgação: faz caras e bocas, dá pernadas, se ajoelha, chama o público, corre como uma louca e,
quase no fim, desce para a platéia e se joga nas mãos dos fãs.
O público aprovou o mise-en-scène e até cantou em algumas músicas, mas a verdade é
que o show de Juliette teve a rebeldia e a originalidade de uma
sessão de aeróbica.
O festival se encerra hoje em
São Paulo, com shows de Craig
Armstrong e Neneh Cherry
(com seu projeto cirKus) no
Auditório Ibirapuera.
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