São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Killers fazem karaokê do festival

Quarteto norte-americano entra em comunhão com público em performance com cenário kitsch

Platéia acompanha em hits como "Somebody Told Me"; atriz e cantora Juliette Lewis abriu a noite com show de muita ação e pouca música

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Duas jovens amigas dão um grito histérico, se abraçam e começam a pular juntas, com uma expressão mista de felicidade e incredulidade: são os primeiros acordes de "When You Were Young" no ar. No palco, seus ídolos: The Killers.
Primeira banda a esgotar os ingressos na etapa carioca do Tim Festival 2007, o Killers fez um show empolgado para um público idem, anteontem, na última noite do evento, na Marina da Glória (zona sul).
As 4.000 pessoas que encheram a tenda principal fizeram o maior karaokê do festival, cantando desde o início, com a dobradinha "Sam's Town"/"Enterlude", e levando o vocalista Brandon Flowers a elogiar as "belas vozes" da platéia.
No palco, um cenário inspirado no cassino que dá título ao segundo disco da banda, "Sam's Town" (2006): há um sinal luminoso dizendo "welcome" e várias lampadinhas de árvore de natal dando um ar kitsch.
No centro, à frente, um púlpito com o teclado de Flowers, de onde o vocalista, vestido e agindo como um mestre-de-cerimônias, rege a massa.
"Olá, irmãos e irmãs. Estamos muito empolgados por estar em seu belo país", diz.
A frase é clichê, mas a empolgação parecia genuína. A seqüência de abertura até o principal hit da banda, "Somebody Told Me" (a quinta música), é arrasadora. Flowers está cantando a plenos pulmões, comunicando-se com o público.
O ritmo inicial cai à medida que o repertório entra nas músicas mais lentas, e o Killers faz lembrar como pode ser chata a orgia de sintetizadores à la anos 80. Mas, até o fim dos 80 minutos de show, outros hits ("Mr. Brightside", "All These Things I've Done") recarregariam a comunhão entre banda e fãs.

Imagem é tudo
Quem abriu o show para eles foi a banda da atriz Juliette Lewis, que confirmou que sua especialidade é imagem, não som.
Usando um cocar com uma pena, vestida com uma calça preta de couro e uma blusa de rendinha que deixava à vista sua barriga, a cantora mostrou desde o começo que não tinha voz para acompanhar o rock rápido e alto de seu quarteto.
Mas ela sabe que, não conseguindo segurar no gogó, o negócio é compensar na empolgação: faz caras e bocas, dá pernadas, se ajoelha, chama o público, corre como uma louca e, quase no fim, desce para a platéia e se joga nas mãos dos fãs.
O público aprovou o mise-en-scène e até cantou em algumas músicas, mas a verdade é que o show de Juliette teve a rebeldia e a originalidade de uma sessão de aeróbica.
O festival se encerra hoje em São Paulo, com shows de Craig Armstrong e Neneh Cherry (com seu projeto cirKus) no Auditório Ibirapuera.


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