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Stefano di Battista rouba noite Euro Jazz
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem saiu antes perdeu o
melhor. Embora tenha sido
prejudicado pelos atrasos dos
shows anteriores, o saxofonista
Stefano di Battista foi o destaque da noite Euro Jazz, sexta-feira, no Auditório Ibirapuera.
Mesmo entrando no palco à
1h, o quarteto do italiano conseguiu excitar a platéia já desfalcada com um repertório bem
escolhido. Bastou deflagrar a
irresistível versão de "The Jody
Grind" (Horace Silver) para
conquistar quem ficou.
Em vez de tocar a prometida
bossa nova que gravou em
"Trouble Shootin'" (álbum que
saiu aqui), Battista apostou em
outras composições suas: o r&b
"Under Her Spell" e o dançante
"Alexanderplatz Blues".
Ótima surpresa, o trompetista Fabrizio Bosso nada deve ao
líder nos improvisos. E a reduzida cozinha, com o elegante
organista Baptiste Trotignon e
o criativo baterista Greg Hutchinson, deu show de suingue.
A reação da platéia disse tudo: exigiu bis mesmo às 2h da
madrugada. Foi a chance para o
hilário Battista arrancar mais
risos: fez a platéia assobiar a
clássica "Mack the Knife".
Com 50 minutos de atraso, a
primeira atração da noite foi o
trio do pianista Eldar, 20. O garoto-prodígio não esperou um
instante para revelar seu modelo no jazz: o pianista Oscar
Peterson, cuja "Place St. Henri"
ele atacou com velocidade e
profusão de notas.
Eldar tem talento, mas seu
exibicionismo técnico e a obsessão por andamentos frenéticos incomodam. Se vai amadurecer e se tornar um músico de
verdade, e não um atleta do teclado, só o tempo dirá.
Já a cantora Lisa Ekdahl foi a
decepção da noite. Com um
timbre infantil que lembra
Minnie Mouse, ela é incapaz de
sustentar uma nota por mais de
um segundo. Assassinou vários
standards do jazz. Pior para o
quarteto do guitarrista Silvain
Luc, que, na seqüência, encontrou ouvidos doloridos da insólita voz da sueca.
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