São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Crítica/"Estômago"

Filme reafirma talento de João Miguel

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

"Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005) e "O Céu de Suely" (2006) já haviam destacado a ótima presença de cena do João Miguel. Em "Estômago", ele assume com desenvoltura a responsabilidade de servir como âncora solitária da trama.
A suposta "cara" de nordestino rende uma série de brincadeiras (boa parte, típica do preconceito cordial brasileiro) com seu personagem, o migrante Raimundo Nonato, que chega sem um tostão à cidade grande e arruma um subemprego como cozinheiro em lanchonete de terceira categoria.
Ali, aprende a fazer salgados, sofre nas mãos do patrão mesquinho (Zeca Cenovicz), conhece uma prostituta (Fabiula Nascimento) e um dono de restaurante (Carlo Briani) que o adota como aprendiz. Em paralelo, a trama avança no tempo e o encontra na prisão, agora como Nonato Canivete, cumprindo pena por não se sabe o quê.
Do início ao fim, o show é de Miguel. A empatia que o filme desperta deve muito à ingenuidade e ao deboche com que Nonato impregna suas duas trajetórias de integração ao meio, sem que a do passado (como a estrutura talvez sugira) seja mais importante do que a do presente. Ao contrário, aliás.
Além do ator principal, o segundo longa de ficção de Marcos Jorge (que co-dirigiu "Corpos Celestes") vive, sobretudo na segunda metade, de soluções engenhosas do roteiro, mas renuncia a um pouco mais de identidade própria em nome de embalagem "genérica", traduzida pela trilha sonora reiterativa e pelo visual "limpo", talvez asséptico demais para as circunstâncias, lembrando "O Cheiro do Ralo".


ESTÔMAGO
Produção: Brasil, 2007
Direção: Marcos Jorge
Com: João Miguel, Fabiula Nascimento, Babu Santana, Alexander Sil, Zeca Cenovicz
Quando: hoje, às 16h, no Cine Bombril
Avaliação: regular


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