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Projeto une artesãos brasileiros e estudantes da Universidade de Eindhoven (Holanda)
Artefatos da solidariedade
Divulgação
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Trabalho realizado por artesãos brasileiros e estudantes holandeses do projeto Design Solidário, em exposição a partir de amanhã no MAM de Higienópolis |
Mostra no MAM Higienópolis reúne, a partir de amanhã, peças produzidas pelo grupo
GABRIELA MELLÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Da janela de um barraco da Associação Monte Azul avistam-se
duas realidades. A do marceneiro
Lourisvaldo Silva Ferreira, 20, e a
do estudante holandês Jeroen
Koolhaas, 24, aluno de um dos
maiores centros de design da Europa, a Academia de Design de
Eindhoven, na Holanda.
Há três semanas os garotos
compartilham idéias, matérias-primas e, nas horas vagas, amigos.
Dividem trabalho e vizinhança
como os demais integrantes do
projeto Design Solidário Brasil/
Holanda, programa sociocultural
cujo resultado artístico pode ser
admirado a partir de amanhã no
MAM Higienópolis.
Até o próximo dia 6 de janeiro,
o museu recepciona pedaços de
madeira, couro e tecido, que foram transformados em produtos
de design de alta qualidade, como
bandejas, pratos, colheres, luminárias e pulseiras.
O ponto de encontro da inusitada mistura é o design, rumo a um
conceito humanitário ainda pouco explorado: sua função social.
Organizado pelo museu virtual de
artes e artefatos A Casa, com o
apoio do Sebrae-SP, o projeto
converge estudantes holandeses e
artesãos brasileiros da Associação
Monte Azul, em São Paulo, e do
grupo de Serrita, no sertão de Pernambuco.
Basta olhar os produtos criados
para saber que a parceria foi especialmente bem sucedida. "Criamos novidades com raízes", diz
um dos organizadores, o arquiteto Paul Meurs, um holandês envolvido em projetos sociais no
Brasil há mais de 15 anos.
O programa ampliou as possibilidades dos artesãos brasileiros.
Decretou o fim da criação padronizada que os perseguia diariamente. Fez com que os jovens notassem a diferença entre criadores
e executores e se entusiasmassem
com a primeira categoria. "Eles
trabalham com paixão. Nos contagiam com a grande vontade de
realizar", conta o indiano Vivek
Kadhakrishnan, 24, estudante de
design da academia.
Para o projeto ter continuidade,
um intercâmbio nacional está em
negociação.
A experiência teve caráter inédito também para os holandeses.
Foi o primeiro exercício prático
de seus quatro anos de curso na
academia. "Eles bolam as idéias,
mas não sabem produzi-las", diz
Lourisvaldo. "Os brasileiros têm
muito mais prática e precisão. Ensinaram várias técnicas aos estudantes", salienta o professor Herman Kuijer, 48.
O Design Solidário é um piloto
para um novo departamento da
academia de Eindhoven. Para Hella Jongerius, 38, coordenadora de
disciplinas da escola, a intenção é
iniciar um trabalho com idosos,
desabrigados e outras minorias
na Holanda e em países subdesenvolvidos. Na escola, Jongerius
celebra a imperfeição dos objetos
industrializados. No Brasil, os novos rumos do design. "A sociedade está saturada de formas e produtos. Já foi feito de tudo. É preciso progredir para uma criação
que faça sentido para o mundo."
MOSTRA DESIGN SOLIDÁRIO BRASIL/HOLANDA. Onde: MAM Higienópolis
(av. Higienópolis, 698, centro de São
Paulo). Quando: de 30/11 a 6/01. De ter.
a sáb., das 10h às 22h, e dom., das 14h às
20h. Informações: www.acasa.org.br.
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