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CINEMA
Estréia de Luiz Fernando Carvalho na direção de longas e documentário de Jorge Alfredo são eleitos melhores filmes
Brasília celebra "Lavoura" e "Samba"
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O 34º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chegou ao fim
com seis premiados em 12 categorias, dois melhores filmes ("Lavoura Arcaica", de Luiz Fernando
Carvalho, e "Samba Riachão", de
Jorge Alfredo) e um melhor diretor (Beto Brant) que é o autor de
uma terceira obra ("O Invasor").
O cineasta Carlos Reichenbach,
integrante do júri, explica a divisão dos prêmios pelo "nível excepcional dos filmes". O exibidor
Adhemar Oliveira, também parte
do júri, diz: "O melhor diretor é o
diretor que melhor dirige, não necessariamente o que consegue o
melhor resultado. E o melhor resultado, ou seja, o melhor filme,
nem sempre é 100% perfeito. O
Oscar também faz isso".
Quando foi receber o Candango
de melhor diretor, Brant parou
para cumprimentar o secretário
do Audiovisual, José Álvaro Moisés. "O Invasor" foi premiado em
concurso do Ministério da Cultura para a produção de filmes de
baixo orçamento (até R$ 1 milhão). Também foi o escolhido
para o prêmio de aquisição do ministério (R$ 20 mil). Em seu discurso, o cineasta pediu que a secretaria também apóie a distribuição do filme nacional.
Ao cumprimentar Jorge Alfredo, após a solenidade de premiação, Brant disse: "Preferia que você tivesse ganhado sozinho. Nós é
que estamos fazendo filme na raça, sem erudição".
O orçamento de "Lavoura Arcaica" é de R$ 3,2 milhões, e o filme está sendo distribuído com
cinco cópias no país. Além de dividir a escolha de melhor filme
com "Samba Riachão", o primeiro longa de Luiz Fernando Carvalho recebeu mais cinco prêmios.
"Sinceramente, acho que há
uma tendência, que vou chamar
de generosa, de repartir os prêmios. Mas não a acho injusta. É
uma forma que o júri encontrou
de identificar cinematografias
com uma potência. "Samba Riachão" e "Lavoura Arcaica" são dois
cinemas completamente diferentes. Respeito a vontade do júri de
privilegiar as diferenças, de não
criar uma norma, uma regra geral
e, consequentemente, um modelo", diz Carvalho.
O músico baiano Jorge Alfredo,
que estreou em cinema com
"Samba Riachão", disse que "não
acreditava" que seu documentário sobre o samba na Bahia centrado na figura de Clementino
Rodrigues, o Riachão, 80, pudesse
ser premiado em Brasília.
O título ganhou melhor montagem (Tina Saphira) e melhor filme segundo o júri popular, além
de dividir o prêmio de melhor filme pelo júri oficial. Alfredo diz
que é grato ao júri pela decisão,
mas pondera: "A emoção que vivi
junto do público que assistia pela
primeira vez vale mais do que tudo. Senti o filme interagindo a cada respiração".
A jornalista Silvana Arantes viajou a
convite da organização do festival
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