São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2001

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CINEMA

Estréia de Luiz Fernando Carvalho na direção de longas e documentário de Jorge Alfredo são eleitos melhores filmes

Brasília celebra "Lavoura" e "Samba"

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O 34º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chegou ao fim com seis premiados em 12 categorias, dois melhores filmes ("Lavoura Arcaica", de Luiz Fernando Carvalho, e "Samba Riachão", de Jorge Alfredo) e um melhor diretor (Beto Brant) que é o autor de uma terceira obra ("O Invasor").
O cineasta Carlos Reichenbach, integrante do júri, explica a divisão dos prêmios pelo "nível excepcional dos filmes". O exibidor Adhemar Oliveira, também parte do júri, diz: "O melhor diretor é o diretor que melhor dirige, não necessariamente o que consegue o melhor resultado. E o melhor resultado, ou seja, o melhor filme, nem sempre é 100% perfeito. O Oscar também faz isso".
Quando foi receber o Candango de melhor diretor, Brant parou para cumprimentar o secretário do Audiovisual, José Álvaro Moisés. "O Invasor" foi premiado em concurso do Ministério da Cultura para a produção de filmes de baixo orçamento (até R$ 1 milhão). Também foi o escolhido para o prêmio de aquisição do ministério (R$ 20 mil). Em seu discurso, o cineasta pediu que a secretaria também apóie a distribuição do filme nacional.
Ao cumprimentar Jorge Alfredo, após a solenidade de premiação, Brant disse: "Preferia que você tivesse ganhado sozinho. Nós é que estamos fazendo filme na raça, sem erudição".
O orçamento de "Lavoura Arcaica" é de R$ 3,2 milhões, e o filme está sendo distribuído com cinco cópias no país. Além de dividir a escolha de melhor filme com "Samba Riachão", o primeiro longa de Luiz Fernando Carvalho recebeu mais cinco prêmios.
"Sinceramente, acho que há uma tendência, que vou chamar de generosa, de repartir os prêmios. Mas não a acho injusta. É uma forma que o júri encontrou de identificar cinematografias com uma potência. "Samba Riachão" e "Lavoura Arcaica" são dois cinemas completamente diferentes. Respeito a vontade do júri de privilegiar as diferenças, de não criar uma norma, uma regra geral e, consequentemente, um modelo", diz Carvalho.
O músico baiano Jorge Alfredo, que estreou em cinema com "Samba Riachão", disse que "não acreditava" que seu documentário sobre o samba na Bahia centrado na figura de Clementino Rodrigues, o Riachão, 80, pudesse ser premiado em Brasília.
O título ganhou melhor montagem (Tina Saphira) e melhor filme segundo o júri popular, além de dividir o prêmio de melhor filme pelo júri oficial. Alfredo diz que é grato ao júri pela decisão, mas pondera: "A emoção que vivi junto do público que assistia pela primeira vez vale mais do que tudo. Senti o filme interagindo a cada respiração".


A jornalista Silvana Arantes viajou a convite da organização do festival



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