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MÚSICA
Projeto do produtor Kieran Hebden se apresenta neste domingo em SP
Four Tet agrupa influências e mostra "desafio ao vivo"
ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Este ano foi horrível para música nova, especialmente para a
dance music. Não aconteceu nada
de especial. As pessoas estão felizes com coisas medianas." Em entrevista via e-mail, o produtor
Kieran Hebden tem motivos de
sobra para achar isso.
Entre as poucas novidades na
área graças a seu projeto solo
Four Tet, que se apresenta em São
Paulo no domingo, ele esquece os
clichês europeus de música para
dançar e se mira no outro extremo para buscar inspiração.
Hebden cita nomes familiares
ao pop negro norte-americano
como os grandes renovadores do
som da virada do milênio.
"Os grandes produtores de hip
hop ainda me impressionam. Os
Neptunes, Timbaland, Darkchild... Eles fazem todos os outros
parecerem amadores." A saber: os
Neptunes produziram "I'm a Slave 4 U", de Britney Spears, e o melhor disco do ano ("In Search
of...", disfarçados como o grupo
N*E*R*D), Timbaland é o nome
por trás de Missy Elliot, e Darkchild cuida do som de divas r&b
como Brandy e Monica.
Referências diversas
Mas o Four Tet busca a black
music moderna como referência
de timbres e texturas, não como
base de estrutura musical. Esta segue o amálgama de referências citadas por Kieran que, com pouco
mais de 20 anos, carrega um currículo de respeito.
"Gosto de estar envolvido com
vários tipos de música, e sempre
foi assim", ele explica. "Para mim,
não existem fronteiras. A vida torna-se mais excitante se você pode
ser o DJ de um clube num dia, no
outro tocar guitarra numa banda
de rock e no outro trabalhar em
um remix."
Antes de assinar como Four Tet,
Kieran já tinha garantido seu lugar ao sol graças ao grupo pós-rock The Fridge.
Além disso, tocou guitarra ao lado de nomes como U.N.K.L.E. e
Badly Drawn Boy, quando o Fridge acabou deixando o estúdio de
lado para se tornar a banda de
apoio do novo talento do rock inglês. "Foi fantástico estar em uma
banda por apenas alguns meses,
tocando para milhares de pessoas, como apenas um guitarrista", lembra Kieran.
Ele não pára por aí: já remixou
Aphex Twin, David Holmes e Cinematic Orchestra, além de ter
gravado com o jazzista Pharoah
Sanders e com o produtor electro
Arthur Baker.
Influência de família
Kieran culpa a infância por ter
se envolvido com gêneros musicais tão distintos: "Meu pai ouvia
de tudo: soul, rock, jazz, country...
Aí quando eu tinha 13 anos, o
grunge e o lo-fi aconteceram
-Nirvana, Pavement, Sonic
Youth- e eu resolvi que iria ter
uma banda". Entre outras influências, ele cita "Jimi Hendrix,
Alice e John Coltrane, Aphex
Twin, Björk, Nas, Wu-Tang Clan,
Ornette Coleman, Can...".
Para o show de domingo, Hebden não promete nada específico.
"Tenho feito este show desde o
meio deste ano, com apenas dois
laptops e efeitos, que será o mesmo que apresentarei no Brasil",
conta. "Eu quis me desafiar ao vivo, improvisando muito. Por isso,
dois shows nunca são iguais para
mim, depende muito do meu humor e do público. Às vezes faço
sets bem sossegados... Às vezes faço apresentações barulhentas."
A abertura dos shows, que começam às 19h, fica por conta dos
papas do lo-fi brasileiro, os irmãos Headache, e do novato grupo Vurla, cujas apresentações
caóticas e polirrítmicas os colocam dentro do mesmo bueiro de
grupos como Jackie-O Motherfucker e Godspeed You! Black
Emperor.
FOUR TET. Abertura: Headache e Vurla.
Quando: domingo, às 19h. Onde: teatro
Ritmus (r. Teodoro Sampaio, 727,
Pinheiros, São Paulo, tel. 0/xx/11/3061-3464). Quanto: R$ 10 (antecipado) e R$
15 (na hora).
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