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LIVRO/LANÇAMENTO
Além de colecionar recordes, livro recebe críticas por ser "derivativo" e "não incentivar a boa leitura"
"Harry Potter" volta com inimigos ilustres
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Ele está de volta, com seus números astronômicos. Só de páginas, a edição brasileira de "Harry
Potter e a Ordem da Fênix" que
chega às livrarias tem 704. Com o
lançamento deste quinto livro em
junho na Inglaterra e nos Estados
Unidos, J.K. Rowling bateu mais
um daqueles recordes até então
impensáveis: dias atrás, seu agente anunciou que as vendagens somadas dos cinco livros chegam à
marca de 250 milhões de exemplares.
Nessa trajetória de cifras cada
vez mais impressionantes, começada pelo lançamento de "Harry
Potter e a Pedra Filosofal" em
1997, Rowling também atraiu inimigos em muito menor quantidade do que os fãs, mas, por sua vez,
mais poderosos e influentes. Depois de conquistar a inimizade
militante do escritor e crítico Harold Bloom, "A Ordem da Fênix"
mereceu também uma longa e
ácida crítica da escritora inglesa
A.S. Byatt.
Em artigo ao "The New York Times", a escritora diz que, se Tolkien criou um mundo secundário
na saga do "Senhor dos Anéis", o
mundo de Rowling é "secundário
do secundário", feito de "motivos
inteligentemente entrelaçados derivados de todo tipo de literatura
infantil".
O Lorde Voldemort de Rowling,
entretanto, é Bloom, que, desde
que escreveu um artigo para o
"Wall Street Journal" em 2000, sobre "Harry Potter e a Pedra Filosofal", não perde a oportunidade
de desancar a escritora. Bloom,
que chegou a organizar uma coletânea de literatura juvenil, "Contos e Poemas para Crianças Extremamente Inteligentes de Todas as
Idades", como reação ao fenômeno Potter, voltou recentemente à
carga em um artigo para o "Los
Angeles Times".
A propósito de uma homenagem concedida pela Fundação
Nacional do Livro a Stephen King
por sua contribuição à literatura
dos EUA, Bloom sugere que, nessa toada, ano que vem a homenagem deve ir para a autora de romances água-com-açúcar Danielle Steel e o Nobel de Literatura,
para J.K. Rowling.
E espinafra até mesmo aquilo
que parece ser o grande feito do
fenômeno Potter, ou seja, incentivar hábitos de leitura entre crianças: "Ler "Harry Potter" não leva
nossas crianças a ler "O Livro da
Jângal" ou "Just So Stories" de Kipling. Quando você lê Harry Potter, está, na verdade, sendo treinado para ler Stephen King".
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