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Crítica
Terror de Polanski mexe com a cabeça do mais incrédulo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Ao contrário do que acontece
hoje em dia, nos anos 60 ninguém parecia mais acreditar
em Deus.
Roman Polanski desafiou essa descrença quando fez o filme
"O Bebê de Rosemary" (Telecine Cult, 22h).
Não que Deus estivesse assim tão implicado, mas estava
seu contrário, o Anticristo. Rosemary tem seu futuro bebê
dedicado ao mal, embora não o
saiba, pois ele será o herdeiro
do demônio.
O que importa nisso tudo é a
condução da trama, a maneira
como somos levados por esse
núcleo dissimulado que se reúne em torno do marido (John
Cassavetes) e se alimenta da ignorância de Rosemary sobre
seus desígnios.
Desígnios que parecem ter a
cor verde, um verde-musgo cujo lado sinistro vai se revelando
pouco a pouco, com o mobiliário, com a disposição dos cômodos no apartamento.
Eis aí um belo filme terrível,
que mexe com o imaginário do
mais ateu dos seres.
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