São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Mônica Bergamo

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ERRO DE PORTUGUÊS

Leo Caobelli/Folha Imagem

"Se errei, peço perdão e corrijo"

No lançamento de um livro que reúne estudos em sua homenagem, em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou à coluna anteontem sobre o erro de português que cometeu ao dizer que os tucanos sabem "muito bem falar nossa língua" e que quer "brasileiros melhor educados", numa referência ao presidente Lula. O correto, segundo a norma culta da língua, é "mais bem educados".

 

FOLHA - O senhor acha que cometeu um erro de português na crítica ao presidente Lula?
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO -
Não é verdade. Acho que não [cometi erro]. Aliás, eles não disseram quem era o gramático [que apontou o erro]. Mas o [assessor de FHC] Eduardo Graeff até respondeu que, pelo "Houaiss", quando você diz "mais bem-educado" é "mais cortês, mais amável". Eu não queria dizer isso.

FOLHA - Mas esse "bem-educado" a que o Graeff se refere é com hífen.
FHC -
Ou sem hífen também.

FOLHA - O correto, para o que o senhor queria dizer, é "bem educado" sem hífen. O Eduardo Graeff foi até desmentido pelo professor Pasquale Cipro Neto, que explicou a diferença.
FHC -
É, eu vi. Mas não sei, não estou preocupado. Isso aí é polêmica gramatical [risos]. É bom, polêmica é sempre bom. Se errei, peço perdão e corrijo. Mas até agora não consegui ver por que eu não posso dizer "melhor educado" em vez de "mais bem educado". Não sei. Qual é a regra? Você sabe? O que me obriga?

FOLHA - É que, antes de um particípio, como "educado", é preciso usar a forma "mais bem", e não "melhor". Por exemplo, "mais bem pago", e não "melhor pago".
FHC -
Pode ser, mas a língua é algo vivo. Os gramáticos fixam as regras, mas isso muda. Todo mundo fala assim, vai mudando a língua. Mas, em todo caso, procurarei dizer "mais bem educado" de agora em diante.

FOLHA - Sua declaração foi feita bem no dia em que o "mensalão" tucano, de Minas, estava no foco.
FHC -
O que isso tem a ver? Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

FOLHA - Sua declaração gerou novas críticas ao partido.
FHC -
Imagina! Vocês estão querendo pegar pêlo em ovo. Tenha paciência! Convenção é para criticar. Nós estamos na oposição, temos que criticar. Não tem nada, não! Olha, seria inapropriado se eu fosse lá bajular o governo. Eu tenho que ir lá para dizer que estou na o-po-si-ção ao governo.

"Procurarei dizer "mais bem educado" de agora em diante"

From Brazil
A lista dos 30 filmes selecionados para disputar R$ 12 milhões do BNDES, publicada na terça-feira, já começa a causar polêmica. Entre os finalistas, que concorrem a até R$ 1,5 milhão, estão "Blindness", de Fernando Meirelles, estrelado por atores estrangeiros como Julianne Moore e filmado boa parte fora do país, e "Birdwatchers", co-produção da Gullane Filmes com a Itália -que terá um diretor argentino, Marco Bechis.

OS GRANDÕES
"É uma contradição tão louca, um imperialismo dentro de casa", diz Cláudio Assis, que teve o longa "Sebastianismo no Brasil" fora da lista da estatal. "Você vê o BNDES dando dinheiro para os grandões, os bobalhões! Esse tipo de gente não precisa de dinheiro. Isso é ridículo!" O BNDES diz que o apoio às co-produções com outros países amplia a possibilidade de inserção, exibição e mercado para o filme nacional.

MATEMÁTICA
O produtor Fabiano Gullane explica: "O diretor [de "Birdwatchers", orçado em R$ 7 milhões] é estrangeiro, mas 95% da equipe é brasileira, será 100% filmado aqui, com elenco 100% brasileiro. Mas não vamos cair nessa conversa nacionalista. O Brasil precisa internacionalizar a produção". Já "Blindness", de Meirelles, teve 75% do orçamento (R$ 53 milhões) financiado por co-produtores japoneses e canadenses. Do total, diz o diretor, R$ 15 milhões serão gastos no Brasil.

SUPER JUSTO
Crítico da Petrobras quando seu longa "Era uma Vez" ficou de fora do patrocínio da estatal, o diretor Breno Silveira ("2 Filhos de Francisco") agora é só elogios ao edital do BNDES: "Achei super justo".

CAÇA
A subprefeitura da Vila Mariana quer fechar cerca de 40 estabelecimentos envolvidos com o jogo do bicho na região. Prepara para antes do Natal uma operação com 200 fiscais, policiais e agentes de apoio. Os estabelecimentos flagrados serão interditados e multados em R$ 25 mil.

CINEMA POR TEATRO
Nem "Lost", nem cinema, nem televisão. O ator Rodrigo Santoro ficará no Brasil no ano que vem para fazer teatro. Ele será o protagonista da peça "A Música Segunda", da francesa Marguerite Duras. Maria Fernanda Cândido fará par romântico com o ator. A direção será de Luiz Fernando Carvalho.

VÍRUS TUCANO
E o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) virou até vírus de computador: circula na internet um e-mail, com o remetente "Tucano Jovem" -nome do movimento da juventude do PSDB- e o título "Fora Renan". A mensagem tem link para um falso "comunicado", que instala o vírus no computador dos desavisados.

PRÊMIO
Aos 79 anos, o cientista político Candido Mendes recebe hoje o prêmio de difusão da língua e da literatura francesa, concedido pela Academia Francesa, pelo livro "Le Défi de la Différence: Entretiens sur la Latinité" (o desafio da diferença: entrevista sobre a latinidade). Reitor da Universidade Candido Mendes e membro da Academia Brasileira de Letras, ele descreve, no livro, as características contemporâneas da latinidade.

EM NY
O ex-presidente José Sarney lança hoje o livro "Saraminda" em Nova York, com tradução de Gregory Rabassa. E participa, amanhã, da 7ª Conferência das Américas, nos EUA. Além de economia, o senador adianta que falará sobre "os países que caminham para a consolidação da democracia e os que marcham para o totalitarismo". Sarney, aliado de Lula, tem feito críticas cada vez mais ácidas ao presidente Hugo Chávez, da Venezuela.

CURTO-CIRCUITO

"A HISTÓRIA DO FUTURO DO BRASIL", de Clovis Corrêa da Costa, será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila da Lorena.
O FILME NACIONAL "Das Ruínas a Rexistência" será exibido amanhã, na seção competitiva do 49º Festival Internacional de Cine Documental y Cortometraje de Bilbao, na Espanha.
O FÓRUM DA CIDADANIA CONTRA A VIOLÊNCIA promove debate, no auditório da Bolsa de Valores, entre os candidatos à presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo.
ANDRÉ MANTOVANI, diretor-geral do grupo Abril, participa do Fórum Responsabilidade Social e Empresarial Mercosul, promovido pela Unesco, em Montevidéu, Uruguai.
O PRESIDENTE DO JOCKEY, Márcio Toledo, recebe hoje convidados para festa na Vila Hípica do clube, às 20h.
"VALSAS BRASILEIRAS" estréia hoje, no Fecap, às 21h, com Roberta Sá, Chico Pinheiro e Toninho Ferragutti.


com AUDREY FURLANETO, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO

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