Artista se apresenta com membros da Nação Zumbi, Hurtmold e Mamelo Sound System

MC anuncia retorno de seu extinto grupo, o Antipop Consortium; grupo renovou a cena de rap alternativa e abriu shows para o Radiohead

BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Usando o som do quicar de uma bola de pingue-pongue ou os acordes do pianista de free jazz Matthew Shipp como base para suas rimas, o Antipop Consortium alargou os limites do rap no fim da década de 90.
Um dos mais inventivos grupos do gênero, o quarteto nova-iorquino renovou a cena alternativa de rap, enquanto também atingia platéias maiores abrindo shows do Radiohead e DJ Shadow. Mesmo com o êxito, há cinco anos, diferenças criativas entre os integrantes puseram fim ao grupo e eles seguiram em carreiras-solo.
Um dos três MCs do extinto "consórcio", High Priest se apresenta em parceria com integrantes da Nação Zumbi, Hurtmold e Mamelo Sound System, no teatro do Sesc Pompéia, nesta quinta e sexta, e faz show, apenas acompanhado por um DJ, no Sesc Avenida Paulista, no sábado.
Priest, que mantinha contato com um dos integrantes do Mamelo Sound System, vinha ensaiando sua vinda ao Brasil há tempos. Influências como a velha guarda do rap e a música jamaicana são os denominadores comuns entre o MC e seus colaboradores brasileiros, que têm o Antipop Consortium entre suas referências declaradas.
"Estou dando continuidade ao novo futurismo e ao hip hop progressivo", disse o MC à Folha. Os termos não são gratuitos: o experimentalismo é uma marca do MC e de seu extinto grupo.
Os shows no Brasil, e em especial o de sábado, têm como base "Born Identity", seu primeiro álbum-solo. "Quis fazer o mais ousado disco que poderia criar em 2007", diz. Uma das faixas, "Keep Time", tem participação de membros do também nova-iorquino TV on the Radio. "Fui ao primeiro show deles e fico feliz em ver como se desenvolveram. Quando estava fazendo meu álbum, eles se mostraram bastante disponíveis para participar."
Depois do fim do Antipop, Priest se juntou a M.Sayyid, também MC do quarteto, no projeto Airborn Audio. A parceria resultou em "Good Fortune", disco lançado em 2005 pela inglesa Ninja Tunes, gravadora de Coldcut e Kid Kola.

Reunião
O Antipop se conheceu em uma competição de poesia em Nova York - daí a pirotecnia de suas rimas. Foram três discos lançados em cinco anos, dois deles pela Warp Records, gravadora inglesa de nomes como Prefuse 73 e Battles. O último, "Antipop Consortium vs Matthew Shipp", promovia um embate entre o combo e o pianista de free jazz, sem que as rimas ou os acordes jazzísticos soassem deslocados.
Em entrevista ao blog Pitchfork Media, em agosto, os membros anunciaram intenção em reatar o grupo. "Estamos no meio dessa reunião e já temos um material forte. Estamos entusiasmados e devemos sair em turnê no ano que vem."