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Crítica
Sócios experientes e chefs competentes não evitam tropeço na cozinha do Cigana
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Tinha boas expectativas
ao visitar o Cigana. O
lugar é informal, agradável, com um mezanino de
mesas e sofás. A turma que está
no comando é mais do que escolada: cada sócio participa ou
participou de vários empreendimentos e são sócios em comum do Chácara Santa Cecília.
José Renato Vessoni, 48, é
também sócio do Praça São
Lourenço e Nakombi; Gustavo
Borges Badue, 40, do Lambreta; e Luiz Carlos Bianchi de
Souza, 50, já administrou várias casas noturnas.
Esses currículos não garantem competência na cozinha,
mas eles chamaram para dar
consultoria na área gastronômica duas chefs que, em seu
próprio restaurante, desenvolvem um trabalho cativante
-Maddalena Stasi e Flavia Mariotto, do Mercearia do Conde.
Pela primeira vez, elas elaboram um cardápio, sob encomenda, para outra casa.
Pois se o ambiente, que pode
ficar aberto até duas da manhã,
tem tudo para cativar a clientela, não é possível dizer que foi
igual o resultado da cozinha.
Dizem os proprietários que
há uma intenção da casa de ser
atraente para o "universo feminino". Será por isso que, nos
pratos de inspiração oriental, a
pimenta é tão fraca, e nos ocidentais, o açúcar é tão forte?
Será que a cozinha está pensando somente nas mulheres?
E será que as mulheres são
mesmo assim: têm tanto medo
de pimenta ou são tão aficionadas por açúcar? Bem, pelo menos a que estava na mesa comigo ficou tão decepcionada
quanto eu de ver que as samossas (pastéis indianos) eram tão
pouco picantes e acompanhadas por um pretenso chutney
de mangas e maçãs onde não
havia pimenta, só pedações de
frutas e doçura enjoativa. O
atum grelhado suscitava a mesma dúvida: por que tão mirrado, tão fininho (para ser mais
"delicado")? Por que tão, tão
doce aquele molho ("japonês")
em que vinha banhado? E a frigideira de bacalhau -além de
compacta e seca-, por que tão
doce o acompanhamento de
peras ao vinho?
Não me perguntem das sobremesas. Não cabia em mim
mais açúcar. E nenhuma dúvida além de querer saber por
que as delicadas (e, para meu
azar, amigas) mãos da dupla da
Mercearia do Conde, com as
experientes mentes da turma
do Santa Cecília, deram nisso.
josimar@basilico.com.br
CIGANA
Avaliação:
Endereço: r. Coropés, 87,
Pinheiros, tel. 0/xx/ 11/
3816-3843
Funcionamento: seg., das
12h às 18h; ter. a qui., das 12h
às 2h; sex. e sáb., das 12h às
3h; dom., das 12h às 18h
Ambiente: agradável,
rústico, com mesas e lounge
no mezanino
Serviço: informal, simpático
Vinhos: apenas o suficiente
Cartões: todos
Estacionamento com manobrista: R$ 8 (dia) e R$
10 (noite)
Preços: couvert, R$ 6;
entradas, R$ 13 a R$ 30;
pratos principais, R$ 15 a R$
42,50; sobremesas, R$ 6,50 a
R$ 13
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