São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Crítica

Sócios experientes e chefs competentes não evitam tropeço na cozinha do Cigana

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Tinha boas expectativas ao visitar o Cigana. O lugar é informal, agradável, com um mezanino de mesas e sofás. A turma que está no comando é mais do que escolada: cada sócio participa ou participou de vários empreendimentos e são sócios em comum do Chácara Santa Cecília.
José Renato Vessoni, 48, é também sócio do Praça São Lourenço e Nakombi; Gustavo Borges Badue, 40, do Lambreta; e Luiz Carlos Bianchi de Souza, 50, já administrou várias casas noturnas.
Esses currículos não garantem competência na cozinha, mas eles chamaram para dar consultoria na área gastronômica duas chefs que, em seu próprio restaurante, desenvolvem um trabalho cativante -Maddalena Stasi e Flavia Mariotto, do Mercearia do Conde. Pela primeira vez, elas elaboram um cardápio, sob encomenda, para outra casa.
Pois se o ambiente, que pode ficar aberto até duas da manhã, tem tudo para cativar a clientela, não é possível dizer que foi igual o resultado da cozinha.
Dizem os proprietários que há uma intenção da casa de ser atraente para o "universo feminino". Será por isso que, nos pratos de inspiração oriental, a pimenta é tão fraca, e nos ocidentais, o açúcar é tão forte?
Será que a cozinha está pensando somente nas mulheres? E será que as mulheres são mesmo assim: têm tanto medo de pimenta ou são tão aficionadas por açúcar? Bem, pelo menos a que estava na mesa comigo ficou tão decepcionada quanto eu de ver que as samossas (pastéis indianos) eram tão pouco picantes e acompanhadas por um pretenso chutney de mangas e maçãs onde não havia pimenta, só pedações de frutas e doçura enjoativa. O atum grelhado suscitava a mesma dúvida: por que tão mirrado, tão fininho (para ser mais "delicado")? Por que tão, tão doce aquele molho ("japonês") em que vinha banhado? E a frigideira de bacalhau -além de compacta e seca-, por que tão doce o acompanhamento de peras ao vinho?
Não me perguntem das sobremesas. Não cabia em mim mais açúcar. E nenhuma dúvida além de querer saber por que as delicadas (e, para meu azar, amigas) mãos da dupla da Mercearia do Conde, com as experientes mentes da turma do Santa Cecília, deram nisso.


josimar@basilico.com.br

CIGANA
Avaliação:  
Endereço: r. Coropés, 87, Pinheiros, tel. 0/xx/ 11/ 3816-3843
Funcionamento: seg., das 12h às 18h; ter. a qui., das 12h às 2h; sex. e sáb., das 12h às 3h; dom., das 12h às 18h
Ambiente: agradável, rústico, com mesas e lounge no mezanino
Serviço: informal, simpático
Vinhos: apenas o suficiente
Cartões: todos
Estacionamento com manobrista: R$ 8 (dia) e R$ 10 (noite)
Preços: couvert, R$ 6; entradas, R$ 13 a R$ 30; pratos principais, R$ 15 a R$ 42,50; sobremesas, R$ 6,50 a R$ 13


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