São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2004 |
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"EUA não sabem o que é a guerra"
FLAVIO MOURA MACHADO DE ASSIS - Acho ele
um dos maiores escritores do século 19 e o melhor da América Latina. E Roberto Schwarz é um dos
maiores críticos culturais do
mundo. Leio tudo que posso sobre ele. Não apenas o trabalho sobre Machado, mas todos os ensaios que ele escreve. Acho que está entre os mais distintos, inteligentes, interessantes intelectuais
escrevendo hoje. Mas não é muito
conhecido. Não sei o que acontece
com o Brasil. O português sempre
foi marginalizado, embora seja a
sexta língua mais falada do mundo. "O Cortiço", de Aluísio Azevedo, é um livro impressionante,
mas acho que sou a única pessoa
de fora do Brasil que o leu. SEBASTIÃO SALGADO - Salgado é
um grande fotógrafo. Mas eu tenho um problema com a maneira
como ele nomeia seus objetos. Há
uma política muito fraca por trás
de seu trabalho. O projeto sobre
as migrações, por exemplo. Não é
a mesma coisa fugir de um país
por motivos econômicos ou por
causa da guerra. Meu problema
não é com o fato de as fotos serem
belas, mas, sim, com a narrativa,
com as histórias que ele está tentando contar. Elas são muito superficiais. CONFLITO NO IRAQUE - Na Europa, parece que muita gente não
considera a guerra uma solução.
Mas isso não é verdade nos Estados Unidos. Talvez porque não
saibam o que é a guerra, acham
que ela pode ser uma saída. Na Inglaterra, por exemplo, Tony Blair
e seu governo estão com sérios
problemas, pois ele mentiu sobre
a questão das armas de destruição
em massa. Nos Estados Unidos,
Bush não está em apuros, mas fez
exatamente a mesma coisa. Isso
porque as pessoas aqui não se importam se ele mentiu ou não.
Acham que a razão não são as armas, mas vingança pelo 11 de Setembro. E se alguém lhes disser
que não foi o Iraque que fez isso,
responderão: "Mas temos de
mostrar nossa força". |
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