São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

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CDs

Rock
Polaris

   
PÚBLICA
Gravadora: Mondo 77; Quanto: R$ 17, em média
Em seu disco de estréia, o quinteto gaúcho Pública faz aquele que é um dos discos de rock alternativo mais interessantes de 2006. Ainda que em músicas como "Tempo" e "Lugar Qualquer" soe como uma espécie de genérico brasileiro do Strokes ou uma versão mais pesada do romantismo do Los Hermanos, faixas como "Das Falsas Intenções" (de pegada pós-punk) e "Bicicleta" (com espírito psicodélico) mostram um leque de influências mais amplo, mas sempre calcado no pop rock indie britânico/norte-americano. O Pública é daquelas bandas que mostram a cara dos alternativos brasileiros dos anos 2000: profissionais, de uma seriedade quase rígida, sonhando em ser uma grande empresa.
POR QUE OUVIR: banda entrosada de ótimas guitarras, o Pública faz rock para dançar, mas sempre melancólico. (BRUNO YUTAKA SAITO)

Pop
The Sweet Escape

   
GWEN STEFANI
Gravadora: Universal; Quanto: R$ 33, em média
À frente do ska pop frouxo do No Doubt, Gwen Stefani atravessou os anos 90 como uma das artistas mais insignificantes daquela década. Ao partir para a carreira solo, parece ter descolado um bom assessor de imagem, e este seu segundo disco mostra que assumir completamente uma faceta pop foi um acerto. Mais mérito dos produtores, é claro. O CD divide-se basicamente em duas partes: uma, mais voltada para o rap ("Wind It Up", produzida pelos Neptunes), e outra, mais para os anos 80, e aí entram o tecnopop ("Wonderful Life"), funk à Prince ("Fluorescent"), new wave etc.
POR QUE OUVIR: Stefani fez da sua falta de personalidade uma marca, apesar de às vezes surgir a sensação de "quem é que tá cantando mesmo? É a Fergie? É a Kylie Minogue? Ah, tá, é a Gwen". (BYS)

Rock
Skin and Bones

  
FOO FIGHTERS
Gravadora: Sony/BMG; Quanto: R$ 33, em média
Em algum momento, o toque de Midas de Dave Grohl, impecável desde o Nirvana, tinha que falhar. Neste show acústico, o repertório baladeiro ganha destaque, mas não empolga. "Walking After You", por exemplo, tinha uma versão mais interessante na trilha de "Arquivo X"; músicas como "Next Year" e "My Hero" se alongam no limite do suportável. É um disco que pode agradar aos fãs, ou para quem tem medo das ótimas guitarras da banda. Para quem prestou ótimos serviços ao rock como Grohl, trata-se de um deslize perdoável.
POR QUE OUVIR: Além de ser um belo momento de reunião da banda -o ex-guitarrista Pat Smear toca no disco inteiro-, há grandes canções, como "Times Like These" e "Everlong", que, despida de eletricidade, ainda se revela vibrante. (MÁRVIO DOS ANJOS)

Jazz
Givin" It Up

  
GEORGE BENSON & AL JARREAU
Gravadora: Universal; Quanto: R$ 33, em média
A idéia não é original, mas não deixa de ser atraente: reunir dois veteranos da "jazz fusion" dos anos 70 para um disco em parceria. O problema é que tanto o guitarrista e vocalista George Benson, como o cantor Al Jarreau, já não parecem mais interessados em experimentar nada, muito menos em correr riscos. Além de se cercar de convidados insípidos, como os cantores Paul McCartney e Patty Austin, a dupla escolheu um repertório convencional, que vai do jazz-pop "Breezin'" (de Jarreau e Bobby Womack) ao standard "Four" (Miles Davis). Mesmo assim, o encontro deve agradar aos fãs do gênero radiofônico que hoje é conhecido como "smooth jazz".
POR QUE OUVIR: Em boa forma, George Benson e Al Jarreau são estilistas do jazz dos anos 70, época em que esse gênero começou a se aproximar da música pop, especialmente do funk e do R&B. (CC)

Rock
Devil's Got a New Disguise

 
AEROSMITH
Gravadora: Sony/BMG; Quanto: R$ 33, em média
O que dizer de uma banda de hard rock dos anos 70 capaz de concentrar seu "Best of" em hits dos anos 80 e 90? Fora "Dream On", do disco "Aerosmith" (1973), e "Sweet Emotion", de "Toys in the Attic" (1975), o resto é a baba cultivada nas décadas seguintes. "Cryin'", "Crazy", "Jaded", "I Don't Want to Miss a Thing" (do filme "Armagedon"), só faltou a chata "Hole in My Soul" para completar. O passado de rock da banda do vocalista Steven Tyler e do guitarrista Joe Perry até tem uma amostra com as divertidas "Love in an Elevator" e "Falling in Love", mas fica claro que a banda topou ficar no segundo escalão em troca do sucesso.
POR QUE OUVIR: Contém a versão incendiária de "Walk this Way", com os rappers do Run DMC, e "Pink", a última grande música do pai de Liv Tyler. Ainda é melhor que Bon Jovi, o que é bem pouco. (MDA)

DVD

Samba
Canções Afirmativas ao Vivo

  
LECI BRANDÃO
Gravadora: Indie; Quanto: R$ 40, em média
Por sua militância na defesa das tradições do samba e em causas afro-brasileiras -explicitada no título do DVD, "Canções Afirmativas"-, Leci Brandão acabou um tanto estigmatizada no Rio de Janeiro. Ótima cantora e compositora, reconstruiu sua carreira em São Paulo, onde gravou este show em julho passado. Se por um lado mostra seu talento em várias composições, por outro se perde no convite político a Mano Brown (grande rapper, mas nitidamente perdido aqui) ou no agrado a representantes do pagode comercial.
POR QUE ASSISTIR: quando acerta, Leci é do primeiro time, vide os clássicos "Isso é Fundo de Quintal" e "Zé do Caroço". (LUIZ FERNANDO VIANNA)


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