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Livros
"Matisse foi o pintor paradigmático"
Avaliação é do crítico alemão Robert Kudielka, que destaca singularidade da obra do artista; pintor ganha livro no Brasil
Cosac Naify lança "Matisse - Escritos e Reflexões sobre Arte", obra de 400 páginas com textos do pintor e fotos de Henri Cartier-Bresson
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
"O pintor moderno paradigmático." Assim o crítico de arte,
curador e ex-professor do Royal College of Art, o alemão Robert Kudielka, resume à Folha
a importância de Henri Matisse (1869-1954) nas artes plásticas. Um dos grandes especialistas em vanguardas do começo
do século 20, Kudielka celebra
o lançamento no Brasil de
"Matisse - Escritos e Reflexões
sobre Arte", grande volume de
400 páginas que a Cosac Naify
acabou de colocar nas livrarias.
O próprio Kudielka terá ensaio publicado em outra edição
sobre Matisse que a editora
lançará até abril. A crítica de
arte, curadora e professora da
ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo) Sonia Salzstein é
a organizadora do livro, que
também contará com textos do
britânico T.J. Clark e do carioca Ronaldo Brito, entre outros.
"Ele [Matisse] se destaca entre os grandes artistas do século 20 por ter sido o pintor moderno paradigmático: atravessou todas as crises de um artista não amparado em nenhuma
tradição e mostrou, nas suas
várias transformações, que a
redescoberta e o aprendizado
integral da pintura a partir dos
seus próprios fundamentos podem ser a tarefa de uma vida
criativa", afirma Kudielka.
No livro, o organizador Dominique Fourcade divide em
capítulos algumas das questões
fundamentais da pintura de
Matisse, como o conflito entre
o desenho e a cor, e suas diversas fases, como a do início de
sua trajetória, ligada ao fauvismo, a dos trabalhos da Fundação Barnes, iniciados em 1931,
nos EUA, e a série "Jazz", publicada em livro em 1947.
Há também vários textos e
depoimentos de Matisse, incluindo o essencial "Notas de
um Pintor", de 1908, onde ele
comenta sua busca por uma depuração plástica. "Há duas maneiras de exprimir as coisas:
uma é mostrá-las brutalmente,
a outra é evocá-las com arte. Ao
nos afastarmos da representação literal do movimento, chegamos a uma maior beleza e
uma maior grandeza", escreve.
"A liberdade que Matisse reivindicou e concretizou em sua
arte não é a da expressão subjetiva imediata. Ele percebeu que
os sentimentos só podem ser
expressos na pintura se eles
atingirem uma forma comunicável. É o cerne da sua concepção de arte", diz Kudielka.
"A partir dessa contradição
criativa compreendemos porque a sua pintura nunca é agitada ou exaltada, mas mais suave e resignada."
Tradução de PETER NAUMANN
MATISSE - ESCRITOS E REFLEXÕES SOBRE ARTE
Organizador: Dominique Fourcade
Tradução: Denise Bottmann
Editora: Cosac Naify
Quanto: R$ 120 (400 págs.)
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