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Espanhola cria obra para a Pinacoteca
Cristina Iglesias vai inaugurar o trabalho em uma das mostras paralelas à 28ª Bienal de São Paulo, em setembro de 2008
Destaques da escultora são obras públicas de grande porte; para o Brasil, fará uma peça com texto para a área central do museu
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante apenas três dias, a
artista espanhola Cristina Iglesias passou por São Paulo. Seu
objetivo era conhecer os espaços expositivos da Pinacoteca
do Estado, para onde irá criar
uma obra, a ser exposta em setembro próximo, como uma
das mostras paralelas à 28ª Bienal de São Paulo.
Artista da "geração 80" espanhola, Iglesias tem se destacado recentemente por obras públicas de grande porte. Na nova
extensão do Museu do Prado,
inaugurada em junho passado e
projetada pelo arquiteto Rafael
Moneo, ela foi responsável por
criar as portas de bronze, com
mais de 20 toneladas, que se
movimentam de cinco formas
distintas ao longo do dia.
"Meu trabalho sempre lidou
com o espaço, a arquitetura e a
paisagem, por isso acho natural
que agora ele esteja se desenvolvendo em lugares públicos",
disse Iglesias à Folha, horas
antes de seguir para o aeroporto, no final de novembro.
"Ela é uma artista que acompanho há muitos anos, com
uma obra que sempre me impressionou e que nunca foi vista no Brasil. É uma honra que
ela realize um trabalho inédito
para a Pinacoteca", diz o diretor Marcelo Araujo, responsável pelo convite à artista.
Para a Pinacoteca, Iglesias
recebeu a proposta de realizar
um trabalho para o octógono, a
área central do museu, onde
são feitas instalações de arte
contemporânea. "Será uma peça transmissora que irá ocupar
outros espaços do museu, e
quero trabalhar com texto, estou pesquisando qual autor vou
usar", contou.
Suas obras em museus ou espaços fechados parecem grades
entrelaçadas, que criam várias
transparências, pois a luz e a
sombra, influências da arquitetura árabe, são recorrentes em
seus trabalhos. Num emaranho
de telas, a artista costuma escrever os textos. "Tenho interesse por um espaço interativo,
que ative a percepção do espectador, onde tempo e movimento sejam importantes."
Escultora no início da carreira, a artista passou a criar espaços imersivos ao longo do tempo, que se transformaram numa expansão do conceito do fazer tridimensional. "Creio que
minhas obras, hoje, sejam instalações, mas elas são também
reflexão sobre os limites da escultura, pois eu sigo interessada em trabalhar dialogando
com a arquitetura, ao mesmo
tempo em que realizo um esforço para que as obras tenham
uma independência enquanto
escultura", explica.
Escultura de 40 metros
A primeira obra pública em
grande escala de Iglesias foi a
construção de uma escultura,
numa praça em frente ao Museu de Bela Artes de Antuérpia,
na Bélgica, inaugurada em
2006. Com 40 metros de comprimento, a obra tem uma fenda, por onde emerge água.
Seu projeto mais ambicioso,
agora, é uma escultura submarina, que está sendo projetada
em Cortez, na Baixa Califórnia,
no México. "Essa peça foi proposta por uma fundação ecológica, com a idéia de tornar o local um santuário. O que estou
criando é uma espécie de labirinto, que poderá tanto ser vista por quem nadar na superfície do mar quanto por mergulhadores", conta Iglesias.
Para tanto, a artista teve de
instalar um tanque de água em
seu estúdio e está trabalhando
com biólogos marinhos e engenheiros especializados em plataformas submarinas. "Minha
idéia é provocar um coral, fazer
com que na escultura haja vida
submarina." A obra deve ser
inaugurada em dois anos.
Outro projeto de grandes dimensões de Iglesias está sendo
criado para Toledo, a pequena
cidade espanhola que reúne
importantes obras arquitetônicas. Lá, a artista fará intervenções em quatro locais.
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