São Paulo, sábado, 29 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Espanhola cria obra para a Pinacoteca

Cristina Iglesias vai inaugurar o trabalho em uma das mostras paralelas à 28ª Bienal de São Paulo, em setembro de 2008

Destaques da escultora são obras públicas de grande porte; para o Brasil, fará uma peça com texto para a área central do museu

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Durante apenas três dias, a artista espanhola Cristina Iglesias passou por São Paulo. Seu objetivo era conhecer os espaços expositivos da Pinacoteca do Estado, para onde irá criar uma obra, a ser exposta em setembro próximo, como uma das mostras paralelas à 28ª Bienal de São Paulo.
Artista da "geração 80" espanhola, Iglesias tem se destacado recentemente por obras públicas de grande porte. Na nova extensão do Museu do Prado, inaugurada em junho passado e projetada pelo arquiteto Rafael Moneo, ela foi responsável por criar as portas de bronze, com mais de 20 toneladas, que se movimentam de cinco formas distintas ao longo do dia.
"Meu trabalho sempre lidou com o espaço, a arquitetura e a paisagem, por isso acho natural que agora ele esteja se desenvolvendo em lugares públicos", disse Iglesias à Folha, horas antes de seguir para o aeroporto, no final de novembro.
"Ela é uma artista que acompanho há muitos anos, com uma obra que sempre me impressionou e que nunca foi vista no Brasil. É uma honra que ela realize um trabalho inédito para a Pinacoteca", diz o diretor Marcelo Araujo, responsável pelo convite à artista.
Para a Pinacoteca, Iglesias recebeu a proposta de realizar um trabalho para o octógono, a área central do museu, onde são feitas instalações de arte contemporânea. "Será uma peça transmissora que irá ocupar outros espaços do museu, e quero trabalhar com texto, estou pesquisando qual autor vou usar", contou.
Suas obras em museus ou espaços fechados parecem grades entrelaçadas, que criam várias transparências, pois a luz e a sombra, influências da arquitetura árabe, são recorrentes em seus trabalhos. Num emaranho de telas, a artista costuma escrever os textos. "Tenho interesse por um espaço interativo, que ative a percepção do espectador, onde tempo e movimento sejam importantes."
Escultora no início da carreira, a artista passou a criar espaços imersivos ao longo do tempo, que se transformaram numa expansão do conceito do fazer tridimensional. "Creio que minhas obras, hoje, sejam instalações, mas elas são também reflexão sobre os limites da escultura, pois eu sigo interessada em trabalhar dialogando com a arquitetura, ao mesmo tempo em que realizo um esforço para que as obras tenham uma independência enquanto escultura", explica.

Escultura de 40 metros
A primeira obra pública em grande escala de Iglesias foi a construção de uma escultura, numa praça em frente ao Museu de Bela Artes de Antuérpia, na Bélgica, inaugurada em 2006. Com 40 metros de comprimento, a obra tem uma fenda, por onde emerge água.
Seu projeto mais ambicioso, agora, é uma escultura submarina, que está sendo projetada em Cortez, na Baixa Califórnia, no México. "Essa peça foi proposta por uma fundação ecológica, com a idéia de tornar o local um santuário. O que estou criando é uma espécie de labirinto, que poderá tanto ser vista por quem nadar na superfície do mar quanto por mergulhadores", conta Iglesias.
Para tanto, a artista teve de instalar um tanque de água em seu estúdio e está trabalhando com biólogos marinhos e engenheiros especializados em plataformas submarinas. "Minha idéia é provocar um coral, fazer com que na escultura haja vida submarina." A obra deve ser inaugurada em dois anos.
Outro projeto de grandes dimensões de Iglesias está sendo criado para Toledo, a pequena cidade espanhola que reúne importantes obras arquitetônicas. Lá, a artista fará intervenções em quatro locais.


Texto Anterior: Crítica/"O Laboratório dos Venenos": Russo investiga fábrica de envenenamentos
Próximo Texto: Cinema/TV: Novo filme do seriado bizarro "Jackass" é lançado em DVD
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.