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Reserva para filme brasileiro não muda
Governo mantém em 2008 mesmo número de dias de exibição obrigatória de longas nacionais válido em 2007
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
A reserva de mercado para o
filme brasileiro em 2008 será
idêntica à de 2007. Decreto publicado no "Diário Oficial" de
ontem fixa para o ano que vem
o mesmo número de dias de
exibição obrigatória de filmes
nacionais que os cinemas tiveram de cumprir neste ano.
A cota de tela -como é denominado o mecanismo- será de
28 dias para salas individuais. O
número aumenta para salas localizadas em complexos.
Num multiplex de seis salas,
cada uma deve exibir filmes
brasileiros durante pelo menos
63 dias. A contagem deve incluir um mínimo de seis títulos
diferentes. Os exibidores que
descumprirem a cota de tela estão sujeitos a multa pela Ancine
(Agência Nacional do Cinema).
A manutenção da cota de tela
no mesmo padrão de 2007 contraria reivindicação dos cineastas, pelo seu aumento, e dos
exibidores, pela sua redução.
Em reunião com a Ancine,
representantes dos diretores
de cinema solicitaram aumento de 15% no índice, com o argumento de que a produção de
filmes nacionais está aquecida.
Os exibidores, por sua vez,
reivindicaram redução da cota,
alegando que, embora o volume
de produção de filmes brasileiros esteja aumentando, é restrito o número de títulos que
atraem o público. Eles dizem
que, para cumprir a obrigatoriedade, têm de manter filmes
em cartaz com salas vazias.
Em 2007 foram lançados 82
longas brasileiros. Apenas
"Tropa de Elite", de José Padilha, figura no ranking dos dez
filmes mais vistos no país -em
sétimo lugar, com 2,4 milhões
de espectadores, segundo dados do portal Filme B.
O presidente da Ancine, Manoel Rangel, disse que a agência
"levou em conta o comportamento do mercado em relação
aos filmes e a quantidade de filmes brasileiros lançados [em
2007]", para decidir que a cota
de tela de 2008 fosse mantida
idêntica à de 2007.
Segundo Rangel, apesar do
aumento do número de estréias brasileiras em 2007, "não
houve relato, ao longo do ano,
de dificuldades para que os títulos chegassem às salas".
A eventual dificuldade para
lançar comercialmente longas
nacionais "poderia ser algo que
apontasse a necessidade de aumentar a cota de tela", de acordo com o presidente da Ancine.
Ícaro Martins, presidente da
Associação Paulista de Cineastas, que reivindicou o aumento
da cota de tela, disse que "sabia
que a proposta era polêmica" e
espera que a Ancine atenda as
outras demandas da categoria,
ao regulamentar o decreto.
Além do aumento da cota de
tela, os cineastas pediram que
seja obrigatório exibir trailers
de filmes brasileiros em todas
as sessões e que haja um limite
percentual à ocupação de salas
dos multiplex por um único filme, nacional ou estrangeiro.
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