São Paulo, sábado, 29 de dezembro de 2007

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Reserva para filme brasileiro não muda

Governo mantém em 2008 mesmo número de dias de exibição obrigatória de longas nacionais válido em 2007

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A reserva de mercado para o filme brasileiro em 2008 será idêntica à de 2007. Decreto publicado no "Diário Oficial" de ontem fixa para o ano que vem o mesmo número de dias de exibição obrigatória de filmes nacionais que os cinemas tiveram de cumprir neste ano.
A cota de tela -como é denominado o mecanismo- será de 28 dias para salas individuais. O número aumenta para salas localizadas em complexos.
Num multiplex de seis salas, cada uma deve exibir filmes brasileiros durante pelo menos 63 dias. A contagem deve incluir um mínimo de seis títulos diferentes. Os exibidores que descumprirem a cota de tela estão sujeitos a multa pela Ancine (Agência Nacional do Cinema).
A manutenção da cota de tela no mesmo padrão de 2007 contraria reivindicação dos cineastas, pelo seu aumento, e dos exibidores, pela sua redução.
Em reunião com a Ancine, representantes dos diretores de cinema solicitaram aumento de 15% no índice, com o argumento de que a produção de filmes nacionais está aquecida.
Os exibidores, por sua vez, reivindicaram redução da cota, alegando que, embora o volume de produção de filmes brasileiros esteja aumentando, é restrito o número de títulos que atraem o público. Eles dizem que, para cumprir a obrigatoriedade, têm de manter filmes em cartaz com salas vazias.
Em 2007 foram lançados 82 longas brasileiros. Apenas "Tropa de Elite", de José Padilha, figura no ranking dos dez filmes mais vistos no país -em sétimo lugar, com 2,4 milhões de espectadores, segundo dados do portal Filme B.
O presidente da Ancine, Manoel Rangel, disse que a agência "levou em conta o comportamento do mercado em relação aos filmes e a quantidade de filmes brasileiros lançados [em 2007]", para decidir que a cota de tela de 2008 fosse mantida idêntica à de 2007.
Segundo Rangel, apesar do aumento do número de estréias brasileiras em 2007, "não houve relato, ao longo do ano, de dificuldades para que os títulos chegassem às salas".
A eventual dificuldade para lançar comercialmente longas nacionais "poderia ser algo que apontasse a necessidade de aumentar a cota de tela", de acordo com o presidente da Ancine.
Ícaro Martins, presidente da Associação Paulista de Cineastas, que reivindicou o aumento da cota de tela, disse que "sabia que a proposta era polêmica" e espera que a Ancine atenda as outras demandas da categoria, ao regulamentar o decreto.
Além do aumento da cota de tela, os cineastas pediram que seja obrigatório exibir trailers de filmes brasileiros em todas as sessões e que haja um limite percentual à ocupação de salas dos multiplex por um único filme, nacional ou estrangeiro.


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