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Crítica
Real e surreal se misturam em "Apocalypse Now"
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
São inúmeras as histórias sobre a conturbada produção de "Apocalypse Now" (TC Cult, 0h05; não indicado a menores de 18 anos). Conta-se, por exemplo, que helicópteros utilizados para a famosa cena do ataque à aldeia vietcongue, emprestados pelo governo filipino, eram pegos de volta no meio das filmagens para combaterem alguma guerrilha.
O diretor Francis Ford Coppola passou por inúmeros transtornos materiais para traduzir na tela o clima de alucinação, o que era dramático num tempo em que o CGI era puro sonho. Assim, na loucura de partir da Guerra do Vietnã para chegar a uma discussão sobre a barbárie humana, surreal e real fundem-se.
Um exemplo: o que chamamos de fogos de artifício (inconcebíveis numa guerra) são, na verdade, os sinalizadores luminosos utilizados às pencas nos combates noturnos do conflito. Grande apoteose, "Apocalypse Now" é "artesanato" cada vez mais raro hoje, quando a cultura de mercado triunfa e barra a livre criação.
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