São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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50 álbuns da década

Os discos que formaram a identidade da música brasileira nos anos 2000

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Quais foram os álbuns que fizeram a identidade da música brasileira da década que termina na sexta-feira?
Usando como critério não só a qualidade estética, mas também o sucesso mercadológico e a relevância que tiveram na transformação da indústria musical, editores e repórteres da Folha selecionaram os 50 discos mais representativos do que foi o Brasil nos dez anos passados.
A década começou subvertendo bossa nova em música eletrônica -primeiro pelas mãos do produtor Suba (1961-1999), depois por iniciativas de Fernanda Porto e DJ Marky, entre outros.
A seguir, o samba foi alçado a principal ingrediente na reformulação do pop. O processo partiu da revitalização da Lapa carioca, com Teresa Cristina à frente, chegando ao mainstream em álbuns de Marisa Monte, Maria Rita etc.
O ciclo ufanista diminuiu a partir de 2006. Agora, o pop absorve um sem número de gêneros e volta a beber do rock, da psicodelia e do folk.
Mas a principal revolução dos 00 não foi estética. Muito mais radical foi a transformação das relações entre ouvinte, música e indústria.
Com as facilidades tecnológicas de gravação, o artista independente, antes exceção, se tornou regra do mercado. Essa nova condição fez nascer o espírito colaborativo que resultaria em projetos coletivos como o Instituto, o +2 e a Orquestra Imperial.
Como lembra João Marcello Bôscoli, dono da gravadora Trama, "se por um lado a internet ajudou na derrocada da indústria do disco, por outro serviu de plataforma para novos artistas". Ele cita os exemplos do Cansei de Ser Sexy e de Mallu Magalhães.
Gêneros populares, o tecnobrega, do Pará, e o funk carioca brotaram e ganharam espaço à parte da indústria.
"A indústria só conseguiu manter o controle sobre o [segmento] sertanejo", diz Pena Schmidt, ex-executivo de gravadoras que hoje atua como diretor artístico do Auditório Ibirapuera. "Nem no axé eles mandam mais -a Ivete é dona do seu nariz."
Em contrapartida, a internet "tornou o sucesso fugaz", como acredita João Augusto, dono da pequena gravadora Deck Disc. "O moleque já coloca músicas no computador sabendo que vai jogar fora."
Mesmo reconhecendo o quanto sua banda deve à internet, Adriano Cintra, baixista do Cansei de Ser Sexy, concorda com isso: "A música virou um acessório do iPod. Ninguém quer mais gastar dinheiro com ela".


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