São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2010 |
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CRÍTICA MÚSICA ERUDITA Caixa reúne preciosidades de Stravinsky Músico é tema de 4 CDs que recuperam gravações históricas realizadas pela rádio estatal russa Gostelradio SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA Gravações ao vivo realizadas entre o final dos anos 1930 e o início da década de 90 pela rádio estatal russa Gostelradio começam a ser lançadas no Brasil a partir de uma parceria entre a gravadora Biscoito Fino e a produtora Dell'Arte. A primeira caixa, contendo quatro CDs, é dedicada a Igor Stravinsky (1882-1971). Um terço desse acervo foi gravado enquanto o compositor vivia, como o registro histórico de "Petrushka" em 1946 pela Filarmônica de Leningrado sob a regência do lendário Evgeny Mravinsky (1903-1988), titular da orquestra durante 50 anos. Destaca-se a atuação do regente Gennady Rozhdestvensky, que fará 80 anos em 2011. Ele regeu a Osesp em 2009 e voltará a São Paulo em outubro próximo para conduzir a "Sinfonia dos Mil" de Mahler (1860-1911). As gravações de Rozhdestvensky estão associadas predominantemente a duas orquestras: a Sinfônica da Rádio e Televisão Soviética (com a qual atuou nos anos 1960-1970) e a Sinfônica do Ministério da Cultura da URSS (anos 1980). Com a primeira pode-se salientar a interpretação de 1960 do balé "O Beijo da Fada", bem como "Introitus" (gravada em 1974), obra para orquestra e coro escrita "in memoriam" do escritor T. S. Eliot (1888-1965). Com a segunda há uma notável versão de 1986 das duas "Suítes" orquestradas a partir do original para piano. Chama atenção o fluxo sonoro e o equilíbrio entre os naipes, além de contrastes timbrísticos que revelam a filiação de Stravinsky à tradição de Mussorgsky (1839-1881) e Rimsky-Korsakov (1844-1908). Há também preciosidades pianísticas a cargo de Nikolay Petrov, Lazar Berman (1930-2005) e Sviatoslav Richter (1915-1997), cuja performance de "Movimentos" vale a coleção. O encarte é o ponto fraco: contém informações erradas (atribui as "Quatro Canções Camponesas Russas" de 1917 à fase atonal) e uma imperdoável falha de tradução na lista de faixas do CD 4, na qual a figura "semínima" ("quarter note" em inglês) - a unidade de tempo - vira "quarto de tom", expressão sem sentido no contexto. Stravinsky considerava a música "incapaz de expressar qualquer coisa". Segundo Alex Ross, a tendência formalista era intrínseca a quem "abandonara seu antigo eu russo". Enquanto isso, no isolamento imposto pela política, fazia-se música de alto nível que não temia desvelar a alma subjacente às obras desse cidadão do mundo. ACERVO RUSSO: STRAVINSKY ARTISTAS Mravinsky, Rozhdestvensky, Richter, Berman e outros LANÇAMENTO Biscoito Fino & Dell'Arte QUANTO R$ 120,00, em média AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: Os melhores da música em 2010 Próximo Texto: Crítica/Música Erudita: Neschling investe em ópera e lança versão de "La Traviata" Índice | Comunicar Erros |
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